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Prometheus – Uma Odisséia no Espaço

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Muito se falou sobre Prometheus se tratar ou não uma prequência de Alien – o 8º Passageiro. Muitos questionaram o porque de realizar um filme para contar a história daquele astronauta gigantesco encontrado pela tripulação da Nostromo no – até então – primeiro filme da série. Ainda assim Prometheus decolou e agora está chegando aos cinemas de todo mundo, mas após assistir ao filme acabei com uma sensação de vazio. Um vazio chamado “falta de necessidade”.

Existe um sério problema nos roteiristas de filmes populares, que basicamente consiste em se auto explicar demais. Em diversos momentos de Prometheus temos a falta do vazio, do detalhe que deixar aberto para que o público pense ou imagine um fato, um acontecimento ou até mesmo o destino de um personagem. Digamos que eu desconhecesse que o filme tem relação com o universo de Alien. Muito bem, digamos ainda que o filme termine deixando dúvidas se o filme pertença ao universo da série Alien. Não seria muito mais interessante para o espectador?

O que se vê em Prometheus é… Melhor eu começar pelo começo, ou seja, o resumo de tudo:

No final do século 21, uma expedição científica é enviada a um planeta distante após a descoberta de que por milênios, povos antigos da humanidade tiveram contatos com seres aparentemente de outros mundos, que deixaram um convite em diversos locais e momentos distintos de nossa história. Entra aqui a tripulação da Prometheus, comandada por Janek (Idris Elba); financiado por uma empresa cuja representante é Meredith Vickers (Charlize Theron); que também é composta pelos exploradores Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e Charlie Holloway (Logan Marshall-Green) – os mesmos que fizeram tais descobertas na Terra e conseguiram o financiamento; e por fim David (Michael Fassbender), que interpreta o andróide que cuida da tripulação enquanto eles estão em sono criostático. Chegando no planeta de destino, eles encontram muito mais e muito menos do que esperavam, terminando por terem de lutar para sobreviver à sua descoberta.

Meu problema começa com a explicação do nome da missão e da nave, em homenagem ao Titã Prometeu, que trouxe aos homens uma oportunidade de se tornarem semelhantes aos deuses (ao nos dar acesso ao fogo, até então divino). Basicamente, a premissa da busca pelo criador domina a primeira hora do filme com uma pequena disputa entre aqueles que acreditam e aqueles que são céticos. É como se os céticos cientistas começassem a acreditar que poderia haver uma terceira opção entre a existência de Deus e a simples não existência. Mas, não se preocupe, o debate filosófico é logo interrompido por cenas de ação com muita correria e uma trilha sonora que insiste em querer dar ritmo a tudo, ao ponto de acabar redundante e desnecessária.

E pensar que Ridley Scott já trabalhou com Vangelis, Jerry Goldsmith e Hans Zimmer e agora, ou melhor, desde “Um Bom Ano” (2006) têm trabalhado com Marc Streitenfeld, que nada mais é do que um compositor genérico que sabe misturar temas sem comprometer seus filmes. Quando se precisa de filmes épicos lá está ele, quer fazer uma comédia água com açucar, ele faz também, ficção científica? Quase uma especialidade.

Não dá para um compositor meia boca trabalhar com um diretor fantástico há tanto tempo sem que ninguém reclame. Eu fui paciente com ele desde “Rede de Mentiras” mas a paciência acabou. Marc Streitenfeld, você é ruim e eu não gosto das suas trilhas.

Em compensação o cinematógrafo Dariusz Wolski e o diretor de arte Arthur Max trabalham explendorosamente trazendo o mais belo em cenários, iluminação, jogos de sombra e luz para as câmeras. Wolski especificamente se destaca pelo seu trabalho em todos os “Piratas do Caribe” e nos últimos filmes de Tim Burton (exceto Sombras da Noite). A ambientação do filme é perfeita e ao mesmo tempo que se tem uma sensação de alta tecnologia, especialmente dentro da Prometheu, quando se sai dela, tanto nas tomadas externas quanto nas dentro da estrutura alienígena, o que se tem é sutileza, primaridade e imensidão.

Ainda, percebe-se que Ridley Scott quis homenagear 2001 – Uma Odisséia no Espaço em diversos momentos do filme, os quais eu não quero falar aqui para evitar estragar alguma surpresa que pode ter escapado de quem não assistiu Alien e tampouco prestou atenção ao trailer do filme. Falando nisso, é hora de voltar a idiotização da platéia que eu falava no começo da resenha.

Isso não é culpa de Ridley Scott, não é culpa dos roteiristas mas sim, de todos os produtores da atualidade que simplesmente acham melhor tratar a platéia como um bando de imbecis ignorantes que precisam de explicações do começo ao fim dos filmes. Eu venho notando isto nos últimos anos, mas aqui simplesmente tudo tem que ser explicado, e eu culpo essa idéia de querer contar histórias de franquias clássicas depois de muitos anos. Os produtores possuem medo do público ficar desinteressado, ou que acabem não querendo pensar demais e na boca miúda a coisa se torne um fracasso. Talvez eu esteja apenas reclamando sem razão e o filme tenha sido bom só que, infelizmente, isso não é verdade.

Saindo um pouco das falhas no roteiro, tirando o trio principal (Rapace, Theron, Fassbender) o restante do elenco só serve para preencher lacunas e espaços com os estereótipos que somente Steven Spielbierg poderia colocar no espaço. A única excessão é Idris Elba, que vem se fixando como um ótimo ator que escolhe pessimamente seus papéis (Thor, Motoqueiro Fantasma 2). Aqui ele brilha em alguns momentos, especialmente quando trabalha com Charlize Theron na mesma cena. Há uma química muito boa entre os dois e isso fica bem claro – tudo bem que a ela é uma deusa e em todas as cenas brilha mais do que o resto elenco combinado.

Quanto a direção, Ridley Scott é um ótimo diretor mas, lhe falta material com que trabalhar. Um bom roteiro e um estúdio que saiba trabalhar suas idiossincrasias geraria um ótimo filme. Agora, deixar a ele certas decisões de produção – juntamente da sua equipe de sempre, que inclui ainda seu irmão Tony Scott – só demonstra o que todos sabiam: ele fez esse filme para suprir seu próprio ego e agora a próxima vítima será Blade Runner, que com certeza fará os fãs (que nem este que vos escreve) padeçam de sentir saudade da época em que o diretor sabia pegar material original e fazer coisas maravilhosas com ele. Alguns culpam a liberdade que ele ganhou ao criar sua própria produtora, já outros a evolução do mesmo como cineasta que pode escolher fazer apenas filmes que gosta e dar seus pitacos.

De qualquer forma, quem tiver curiosidade de ver como é a visão atual do diretor para a franquia Alien, vá ao cinema e tire suas próprias conclusões. Eu tirei as minhas e estão na nota abaixo.

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4 Comentários

  • ah sir scott ,o que fazer quando se é um cara que consegue enxergar talentos transgressores que tem mania de inovar uma linguagen ,juntar giger ,moébius,ron cobb,dan obannon ,ronald shuset em um mesmo balaio e parir alien é coisa para poucos ,e o que dizer do grande sid mead em blade runner ,hoje quem voce tem ? damon lindelof ? triste ,mesmo assim prometheus esta muito acima da media das produções de temas futuristas que assolan nossas telinhas ,como obra isolada este filme cumpre sua função ,o seu defeito é ser obrigado a dialogar com as plateias de hoje que quér tudo mastigado ,mesmo cumprindo estas regras o filme passeia por questões pertinentes muito caras a boa literatura de especulação cientifica de outrora ,sem contar a sua elegante narrativa visual calcada mais em cenografias do que o digital a qual scott é mestre ,mas como disse fica dificil a falta de liberdade para experimentar soluções inovadoras ,afinal de contas grandes orçamentos tem que gerar grandes bilheterias ,neste caso serve mais um cara limitado que conhece a formula como damon lindelof , do que um doidão extremamente talentoso que detesta seguir a formula como o warren ellis.

  • Uma resenha/crítica muito interessante, parabéns!
    Paralelamente, o texto apresenta diversos erros gramaticais que, mesmo não atrapalhando a leitura, poderiam ser evitados com uma breve revisão.

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