[Este artigo foi escrito pelo colaborador Daniel Ribas]
Speed vai e fica nisso. Speed Racer, a antecipada adaptação do desenho homônimo e o retorno dos irmãos Wachowski à direção, finalmente estreou no dia 9 de maio em escala mundial. Assim como Homem de Ferro, a esperança é de iniciar uma nova e lucrativa franquia cinematográfica. No entanto, parece que isso não vai acontecer. Além de críticas desapontadoras, o lucro nas bilheterias foi abaixo das expectativas pessimistas do estúdio. Merecido?
Conforme esperado, os Wachowski criaram um novo universo visualmente interessante e diferente de seus longas anteriores. Para essa empreitada, os irmãos diretores–roteiristas utilizaram uma idéia inicialmente desenvolvida por Robert Rodriguez em sua trilogia Pequenos Espiões: filmar os atores em frente à tela verde e, através de computação, inserir um cenário que remete ao imaginário infantil, ligeiramente lisérgico e referencial a vídeo–games. Além disso, o ritmo frenético das cenas de ação é inspirado em desenhos animados de ação recente, com ênfase aos orientais.
A escalação é muito boa. Os atores, além de interpretarem com convicção seus papéis, são, acima de tudo, a representação visual perfeita dos personagens do original e de suas funções na trama. Os bons são simples e diretos, enquanto os vilões são elegantemente frios. Isso nos leva ao calcanhar de Aquiles de Speed Racer
A escalação é muito boa. Os atores, além de interpretarem com convicção seus papéis, são, acima de tudo, a representação visual perfeita dos personagens do original e de suas funções na trama. Os bons são simples e diretos, enquanto os vilões são elegantemente frios. Isso nos leva ao calcanhar de Aquiles de Speed Racer.
Ao contrário de seus filmes anteriores (Ligadas pelo desejo, a trilogia Matrix), a narrativa é tradicional e sem surpresas. Enquanto em obras anteriores, os Wachowski subverteram elementos de gêneros cinematográficos consagrados, ao mesmo tempo em que respeitavam sua estrutura. Em Ligadas…, a trama policial B continha um tema moderno como identidade sexual como alicerce para essencial para trama e Matrix fazia o mesmo, inserindo filosofia entre cenas de lutas e tiroteios. Em V de Vingança podiam ser encontrados críticas à política mundial e sociedade atuais. Esse diferencial está presente em Speed Racer, pois o grande vilão, representado pelo empresário Royalton, é a corrupção corporativa. No entanto, ao contrário das obras citadas anteriormente, sua presença é discreta e esquecida com a caracterização maníaca do antagonista e a condução da história, que resume tudo a um confronto entre forças do bem e do mal. Por exemplo, o vilão de Homem de Ferro possui a mesma motivação, mas vemos que é a ganância e a vaidade que o movem, enquanto Royalton enxerga a recusa dos Racer como uma ofensa pessoal e se dedica a destruí–los independentemente de ser uma decisão comercialmente viável.
Outro fator que desaponta é a caracterização dos personagens. Mesmo a ambigüidade e o subtexto tenha sido abolidos da trama para torná–la mais palatável para o público infantil, ainda são necessários figuras carismáticas, que provoquem alguma identificação na platéia. A Era do Gelo e sua seqüência foram bons filmes justamente porque protagonistas e coadjuvantes tinham personalidades distintas e fortes. Em Speed Racer, os bons são bons e os maus são maus, sem qualquer diferenciação entre eles. O único personagem que se destaca não é o Corredor X, o mais complexo, mas Gorducho, alívio cômico da trama, mas dono da personalidade mais forte. Só há uma cena dramaturgicamente bem encenada, quando Speed resolve sair de casa e seu pai o chama para conversar. Mas é pouco. Essa unidimensionalidade é um grande problema para separar Speed Racer de outros filmes infantis que abundam os cinemas, na esperança de ser o novo Harry Potter.
Ausência de complexidade e de caracterização à parte, o filme passa rápido, o que é uma vantagem considerando que tem mais de duas horas. O ritmo não cai, mesmo nas cenas dramáticas. O carro–fu é muito divertido e faz ter vontade de jogar no vídeo–game. Os Wachowski acertam em criar um visual único e que serve para mostrar o tom da narrativa. O filme é maravilhoso de ver em tela grande e, em certos momentos, emociona. O resumo é o seguinte: vá sem qualquer expectativa que, provavelmente, será um passatempo agradável, embora esteja condenado a ser mais do mesmo do cinemão norte–americano.
[Este artigo foi escrito pelo colaborador Daniel Ribas]
Oi Daniel, você repetiu o mesmo parágrafo 2x: “A escalação é muito boa. Os atores, além de interpretarem com convicção seus papéis, são, acima de tudo, a representação visual perfeita dos personagens do original e de suas funções na trama. Os bons são simples e diretos, enquanto os vilões são elegantemente frios. Isso nos leva ao calcanhar de Aquiles de Speed Racer.”. =)