Acompanho a franquia Resident Evil à distância no quesito game, mas mais de perto no que concerne aos filmes. Mas sei o suficiente para dizer que desde o início a série do cinema é uma grande pataquada para os fãs do enredo criado por Shinji Mikami. Com todo contexto alterado da real história e somente incorporando alguns elementos, o diretor Paul W. S. Anderson transformou o universo em torno da Umbrella Corporation em uma enorme caixa de areia para que ele pudesse construir o que quiser.
O problema é que o diretor pecou miseravelmente em diversos aspectos nos três primeiros filmes da franquia (Resident Evil, Resident Evil: Extinção, Resident Evil: Apocalypse), que, apesar de impressionarem um pouco pela ação, teve em sua maioria roteiros fracos, atuações rasas e muitos buracos.
A primeira impressão que tive ao ver Resident Evil: Recomeço foi definitivamente uma tentativa de reiniciar alguns pontos que fugiram do controle, incorporar mais elementos visuais e personagens dos games e estabilizar fatos patéticos como os clones de Alice (Milla Jovovich) deixados no fim do último filme. Isso não adianta muita coisa. A ex-funcionária da Umbrella vai em busca de um refúgio de sobreviventes em uma jornada solitária, o que torna o filme um tanto instável por alternar momentos de ação pura com uma melancolia e solidão que fazem o espectador perder o ritmo.
Quando finalmente o filme deixa de ter um clima melancólico e partimos para a ação em definitivo, vemos um novo núcleo de personagens com os mesmos esteriótipos de sempre, nada muito surpreende. Um dos atrativos da ideia original de Resident Evil são as resoluções de missões, a busca por explicações e um aspecto predominantemente investigativo, além da trama ser bem elaborada. Nós não vemos nada disso acontecendo na tela do cinema. Tudo é muito simples e não traz grandes emoções a quem assiste. Apesar de você levar alguns sustos – é o mínimo que um filme de zumbis poderia ter – não há nada no roteiro que te deixe de boca aberta.
O ponto alto do filme com certeza são as cenas de ação, que devem ser bilhões de vezes melhores em 3D. Provavelmente é o grande atrativo do filme, já que foi rodado na mesma qualidade e com a mesma tecnologia de Avatar, e eu infelizmente não pude apreciar essa parte.
O que pude concluir é que Resident Evil nos cinemas é uma franquia caça-níquel, já que ainda haverá mais um filme depois deste lançamento de 2010, pelo menos é essa a deixa que temos. Não foi anunciado nada oficialmente, mas é essa a impressão final do filme. Só resta aguardar.