Sem querer acabei assistindo Revolver, um filme dirigido por Guy Ritchie e com produção de Luc Besson que passou completamente despercebida por mim (e por muitos) nos cinemas brasileiros. Bom, como este é um filme singular vou começar falando da história…
Jake Green é um malando que amargou sete anos de cadeia após ter sido trapaceado por Dorothy Macha, que enriqueceu fortunas enquanto Green amargava a claustrofóbica vida na prisão. A primeira cena inclusive é exatamente a que Green sai da prisão, porém em poucos instantes saltamos dois anos no futuro onde vemos Green rico – após utilizar conhecimentos adquiridos no cárcere – e sedento por vingança conta Macha. Bom, é exatamente ai que a brincadeira começa…
Logo após faturar alto em cima de Macha, Green estranhamente passa mal ao ir pelas escadas após ser abordado por um homem que lhe entrega um cartão dizendo para pegar o elevador. O mesmo homem, salva sua vida com outro cartão para em seguida lhe revelar que Green possui uma doença rara e possui somente três dias de vida. Claro que nosso amigo – que não é bobo – pensa estar sofrendo um golpe, mas ao procurar outros médicos descobre que sua vida realmente está por acabar e que a dupla misteriosa que o salvou pode ser sua única saída contra o desespero. E é aqui que o filme começa pela segunda vez…
Guy Ritchie continua sendo Guy Ritchie, mas Revolver foge dos padrões convencionais e também do estilo utilizado pelo diretor nos filmes “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”, “Snatch – Porcos e Diamantes” e “Rock’n’rolla” para utilizar algo de Kill Bill e algo de Clube da Luta. É engraçado ver como Ritchie bebe da fonte de Tarantino sem qualquer vergonha, porém em muitos momentos o discípulo supera o mestre e mostra que pode ser mais genial sem ser criativo (vide a cena que mistura animação com filmagem). Mas falar bem da direção de Ritchie é extremamente fácil para quem gosta de produções ousadas, o diretor abusa dos cortes ágeis que denotam ainda mais sua edição inteligente e proporciona uma fotografia tão bela que chega a doer, combinação que tornaria o filme pleno caso não existisse um grande calcanhar de Aquiles…
… sua história base…
Já ouviram a expressão tirar leite de pedra? Pois é justamente isso que Ritchie e Besson fazem com a história do filme e, ao que parece propositadamente, já que ambos devem ter percebido que em seu âmago o roteiro não apresentava a profundidade aspirada. Mas falar mais sobre isto é estragar a experiência – muito boa – que o filme proporciona, o que é algo bastante difícil (não poder falar) numa resenha onde a crítica se ofusca pelo brilhantismo da edição. E, por falar em brilhantismo, não há como esquecer do trabalho acima da média de Jason Statham como Jake Green, do sempre excelente Ray Liotta e dos surpreendentes André Benjamin como Avi e Mark Strong como o assassino perfeito Sorter. Por fim, a qualidade e diversidade dos atores expressa muito bem tudo que o filme representa, um aglomerado de qualidades diversificadas que compõem um retrato maestral e imperfeito do homem.
Assista.