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Ruas de Fogo (1984) – A Fábula Rock & Roll de Walter Hill

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Sinopse: Durante um show, a cantora de rock Ellen Aim (Diane Lane) é sequestrada pela gangue de motoqueiros “Os Bombardeiros”, liderados por Raven Shaddock (Willem Dafoe). Quando ex-namorado de Ellen, o bad boy Tom Cody (Michael Paré), retorna à cidade e descobre o que aconteceu, ele parte em seu resgate. Para enfrentar essa violenta guerra de gangues rivais, ele vai contar com a ajuda de Billy Fish (Rick Moranis), o atual empresário de Ellen e McCoy (Amy Madigan), uma ex-soldada.

Diane Lane

Walter Hill (1942), com seu amor incondicional pelo faroeste, transborda sua estética e paixão pelo gênero em Ruas de Fogo (Streets of Fire, 1984). Nesse filme, encontramos Tom Cody (Paré), um ex-soldado habilidoso com armas, em uma missão para resgatar sua ex-namorada e estrela do rock, Ellen Aim (Lane). Embora os personagens troquem os cavalos por motocicletas, o enredo evoca claramente os elementos dos westerns clássicos, em especial Rastros de Ódio (The Searchers, 1956) de John Ford (1894-1973), transformando-se em uma ode épica ao herói solitário e à paisagem urbana distópica.

O diretor Walter Hill na época da filmagem

O paralelo entre faroestes e Ruas de Fogo é evidente. Inicialmente, Tom parece motivado pelo dinheiro, como um caçador de recompensas típico, mas logo descobrimos que velhas memórias sentimentais emergem em meio ao caos. Billy Fish (Moranis), o antipático empresário e namorado atual de Ellen, oferece a Tom uma recompensa de dez mil dólares pelo resgate. A dinâmica entre Tom e McCoy (Amy Madigan), uma ex-soldado que se junta à missão por mil dólares, adiciona uma camada de complexidade à trama. Essa parceria improvável encontra ecos na literatura clássica, onde heróis em jornadas iniciáticas encontram aliados igualmente fascinantes.

Paré e Moranis em uma cena do filme
Any Madigan em ação

O filme não apenas se apoia no western, mas também incorpora elementos do cyberpunk e da estética “leather” pós-Blade Runner. Situado em uma cidade sempre noturna e pós-industrial, Ruas de Fogo substitui os acordes de Ennio Morricone pelo rock vibrante de Fire Inc. e Ry Cooder. Essa atmosfera, somada ao cenário hostil, evoca a sensação de uma odisséia urbana, reminiscentes das jornadas épicas de Xenofonte, transportadas para o coração da cultura pop dos anos 1980.

Bill Paxton, Dafoe e Lee Ving

Hill, conhecido por explorar figuras históricas exacerbadas pela tradição oral, como em A Encruzilhada (Crossroads, 1986) e Gerônimo – Uma lenda americana (Geronimo: An American Legend, 1993), reimagina o mito do cowboy urbano. Aqui, a narrativa se desdobra com uma fusão de referências culturais e uma estética gráfica que lembra as histórias em quadrinhos. Cody, ao chegar à cidade, enfrenta delinquentes juvenis como um pistoleiro em um saloon, reforçando a ligação entre o faroeste e a paisagem urbana.

A jornada de Cody, McCoy e Billy Fish é marcada por encontros com personagens vibrantes, como o quarteto de músicos negros “The Sorels” e a fã fervorosa Baby Doll (Elizabeth Daily). Esses encontros enriquecem a trama, criando um mosaico de figuras que refletem a diversidade e a complexidade da cultura pop americana. O clímax do filme, com um duelo entre os personagens de Paré e Dafoe, culmina em um espetáculo visual onde tiros explodem em chamas, reforçando a estética exagerada e estilizada do filme. A chegada da “cavalaria”, na forma de cidadãos armados, adiciona um toque de heroísmo coletivo, em uma releitura moderna dos temas tradicionais do faroeste.

Embora Ruas de Fogo não alcance a mesma profundidade de The Warriors (1979), outra obra de Hill que remete à mitologia grega, ele cumpre sua promessa de criar uma figura pop moderna. A jornada de Cody, encerrando com sua partida solitária ao estilo do pistoleiro clássico, encapsula a eterna luta do herói contra um mundo implacável. Assim, o filme é uma fábula rock & roll que mistura elementos de western, cyberpunk e cultura pop dos anos 80, criando um espetáculo visual e narrativo único. Walter Hill, ao reimaginar mitos antigos em um contexto moderno, entrega uma obra que, embora imperfeita, captura a essência de uma lenda pop atemporal.

Homenagem Póstuma: Conrad E. Palmisano (1948-2024)

Los Angeles, 10 de janeiro de 2024 — Conrad Earl Palmisano, renomado dublê e coordenador de dublês, conhecido por seu trabalho em filmes icônicos como “Rambo: First Blood”, alguns filmes do X-Men e as sequências de A Hora do Rush, faleceu aos 75 anos.

Nascido em 1º de maio de 1948, Palmisano iniciou sua carreira como dublê nos anos 70, rapidamente ganhando reputação por sua coragem e habilidade em cenas perigosas. Ao longo de sua extensa carreira, ele trabalhou em mais de 200 produções, trazendo ação e emoção para as telas de cinema e televisão. Entre seus trabalhos mais notáveis estão também O Fugitivo e Batman Forever.

Palmisano foi um mestre em criar sequências de ação realistas e emocionantes, colaborando com alguns dos maiores nomes de Hollywood, como foi o caso em Ruas de Fogo. Sua habilidade em coordenar dublês e planejar cenas de ação complexas fez dele uma figura essencial em muitos sucessos de bilheteria. Sua dedicação e paixão pelo trabalho garantiram que cada cena fosse executada com precisão e segurança. A comunidade cinematográfica lamenta a perda de um dos seus mais talentosos profissionais.. Palmisano deixa um legado duradouro, influenciando gerações de dublês e coordenadores de ação.

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Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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