Depois de Vik Muniz, o Brasil pode ter outro grande ídolo em destaque na cerimônia que acontece anualmente no Kodak Theatre em Hollywood todo início de ano – o tal do Oscar. “Senna”, documentário de Asif Kapadia sobre quem o nome já diz, arrecadou mais de US$ 70 mil no primeiro fim de semana em cartaz em duas salas de cinema nos Estados Unidos. Logo se expandiu para outras 12 salas. Nos EUA, foi a melhor estreia do ano para um documentário. Na Inglaterra, o filme já tinha arrecadado US$ 5,1 milhões, 77% de toda a bilheteria mundial. O sucesso evidencia algumas coisas: 1) O fascínio que a F1 ainda exerce sobre as pessoas. 2) O quão Senna foi uma figura mundialmente admirada, garantindo que sua história ainda atraia muita gente mais de 15 anos após a sua morte. 3) A forma competente de contar essa história no cinema sob a direção de Asif Kapadia, que já venceu um BAFTA, o Oscar britânico.
Se eu simplesmente disser que o filme foi feito a partir de imagens de arquivo, talvez você estranhe. “Cadê as tradicionais entrevistas sentadas em que alguém de cabelos brancos conta suas histórias?” você possivelmente se perguntará. Pois é, um ótimo filme, para mim, precisa ter pelo menos um elemento fora do senso comum, diferente do que todo mundo costuma fazer. “Senna” me ganhou, a priori, por isso. Só imagens de arquivo e narração de fundo. Muita gente fala sobre Ayrton no filme, principalmente sua irmã Viviane e o comentarista da Globo Reginaldo Leme, mas o que ilustra a fala não são as imagens dessas pessoas e sim a do grande piloto, jovem, vibrante, corajoso, coerente, admirável. Justo que seja assim, afinal, a maior parte do público deve ter ido às salas de cinema para matar a saudade do maior piloto da história da F1 – acredite, você terminará o filme achando isso.
Nem tudo é perfeito. “Senna” cai na usual estrutura de construir, ao longo do filme, um mito e terminar com um acontecimento triste, no caso, o acidente em maio de 1994. A fórmula simples, porém, tem o efeito desejado. A comoção, os longos segundos de reflexão silenciosa enquanto descem os créditos, o pensamento sobre tudo que Ayrton ainda poderia ter feito se aquela fatalidade não tivesse ocorrido… É inevitável que seja assim. Nem o mais ranzinza dos críticos pode ficar bravo com essa pequena dose de mesmice.
Pessoalmente, um mero detalhe diz muito sobre como “Senna” prende a sua atenção até o fim: em um dia que acordei às 5h30, aguentei ver o filme até 1 da manhã sem sequer ameaçar um cochilo. Talvez isso não seja motivo para que ganhe um Oscar, ou sequer dispute. Mas que eu vou torcer, ah, eu vou! No mais, pare de ler esse texto e vá alugar o filme.
[xrr rating=4.5/5]
Título Original: Senna
Ano: 2010
Direção: Asif Kapadia
Duração: 106 min
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