Sabem aquelas comédias românticas que seguem aquela mesma fórmula de sempre onde basicamente situações embaraçosas e engraçadas se entrelaçam com uma análise social que culmina com um final que é basicamente feliz e todos poderemos ver esse filme na sessão da tarde porque a única nudez é a bunda gorda de Alec Baldwin? Pois é, “Simplesmente Complicado” é isso aí. Simples assim!
Nancy Meyer, roteirista e diretora do filme, já fez diversos filmes tratando de relacionamentos e até um com os homens entrando na cabeça das mulheres (o ótimo “Do Que as Mulheres Gostam”), neste, voltamos ao velho clichê do triângulo amoroso entre um ex casal e um estranho no ninho, deixando a mulher confusa com dois homens disputando seu amor. Porém, ao invés de ser uma adolescente chorona, temos Meryl Streep como o vértice deste triângulo amoroso. De um lado, Alec Baldwin, seu ex-marido, que a traiu dez anos antes com uma ninfeta (Lake Bell) e hoje é casado com a “outra”. De outro, Steve Martin, seu arquiteto e possível interesse romantico, se o ex não parasse de perturbar.
A vida de Jane (Streep) é boa, simples e convencional. Seus filhos todos se formaram ou estão se formando, ela é dona da própria padaria e se reune com suas amigas para falar mal dos ex sempre que podem. Tudo ia bem até que, durante a noite anterior a formatura de seu filho mais novo, ela e Jack (Baldwin), acabam na cama e toda a juventude que o sexo traz faz com que os dois fiquem abobados um pelo outro de novo.
Neste momento do filme, a interação entre Baldwin e Streep é perfeita, em uma sintonia sem igual. As piadas vem levemente e uma melhor que a outra. Ficou nítido que ele aprendeu a fazer comédia desde sua entrada no elenco de 30 Rock e Streep força um pouco para soltar as piadas, que são boas, mas eu ainda prefiro ela sendo a megera de “O Diabo Veste Prada”.
Neste momento inicial em que os dois estão se reencontrando e ele está traindo a sua gostosa com a ex-esposa, entra em cena o nome do filme, John Krasinski (The Office), que interpreta Harley, futuro genro dos dois. Ele é o primeiro a notar tudo e suas intervenções competem com as cenas de Baldwin como as mais engraçadas do filme. E é nesse ponto, por incrível que isto possa parecer, que o filme perde um pouco.
Não entendam como uma crítica, mas todos os filmes de Meyers são iguais. Ela usa comédia demais e simplesmente passa para drama demais em questão de duas falas. É como ver Anakin Skywalker caindo para o lado negro no Ep. 3 de Star Wars. Em duas falas ele ficou mau! As piadas são ótimas, hilárias, mas em alguns momentos, elas são exageradas e parecia que eu estava assistindo “Mamma Mia” ou qualquer outro musical da Disney. Eu achava que as pessoas iam começar a cantar de tão falsas que algumas reações alegres soaram.
O filme tem uma temática interessante e é adorável em todos os momentos, desde os mais engraçados com Krasinski e Baldwin até os mais introvertidos com Streep tendo crises existenciais. Ainda assim, não espere por filosofias profundas ou modificações no paradigma da diretora. Assistam o filme esperando apenas momentos divertidos, risadas fáceis e algumas palhaçadas. Nada mais e sinceramente, acho que isto basta. Melhor ser simples do que complicar.
J.R. Dib