“Sonic 3: O Filme” comprova a força do ouriço velocista azul da Sega na cultura pop sustentando uma franquia no seu terceiro filme e com o quarto já confirmado. Mas quem acreditava que essa terceira aventura seria um mero caça-níqueis completamente esvaziado de boas ideias se enganou redondamente. Não é exagero dizer que a nova produção é mais feliz do que as duas antecessoras, justamente por se colocar no ponto certo, de forma enxuta e objetiva.
Nessa sequência de “Sonic – O Filme” e “Sonic 2 – O Filme”, nosso herói, junto com o guerreiro equidna Knuckles e a raposa voadora Tails constroem uma aliança voltada à proteção da mágica Esmeralda Mestra, mas precisam lidar com a ameaça de Shadow, uma versão sombria de Sonic. À medida que enfrentam esse novo inimigo, o trio de heróis precisará se unir mais do que nunca para impedir que uma catástrofe ainda maior aconteça. Eles também devem confrontar segredos do passado de Sonic e de Dr. Eggman, que está de volta, e o destino do mundo depende do sucesso da missão.
Assim como ocorre em filmes de monstros, nos longas anteriores os humanos serviam mais para ofuscar a presença de quem de fato interessava ver em tela que era a versão CGI do personagem dos videogames. No primeiro filme tínhamos a dinâmica de “buddy cop” entre Sonic e Tom Wachowski (James Marsden); no segundo já houve o acréscimo de Tails e Knuckles, que surgia de antagonista, mas Tom ainda servia de escada para as confusões do ouriço.
Desta vez, os roteiristas Pat Casey, Josh Miller e John Whittington, de volta na função (os dois primeiros estão desde o longa original), decidiram focar onde interessa, sobretudo para as crianças, público-alvo do filme, que são Sonic, Tails e Knuckles usando seus poderes e entrando em embates com Shadow. Os humanos estão ali, mas em momentos pontuais, quando são realmente necessários para o andamento da trama. E tal qual animações da Pixar, há piadas mirando o público adulto, inclusive uma com Matrix (Keanu Reeves faz a voz de Shadow no original).
A Paramount não quis mexer em time vencedor e convocou Jeff Fowler para comandar a direção pela terceira vez. Com um script mais divertido em mãos, o cineasta está mais à vontade, tanto por estar em um terreno conhecido e de sucesso praticamente garantido, como pela possibilidade de brincar mais com os personagens do videogame, uma vez que agora o show é somente deles. Como toda continuação tem que, obrigatoriamente, aumentar a escala, agora a trama ganha dimensões globais. No desenrolar do último ato até respira ares de “Missão Impossível”. E, claro, as reproduções da dinâmica dos games está ali para fazer a alegria dos gamer, embora nesse longa elas estejam ali mais como perfumaria do que como um pilar narrativo em uma sequência, como foi visto no terço final de “Sonic 2”.
O retorno de Jim Carrey é outro elemento positivo desse “Sonic 3”. O ator em cena era o ponto alto dos longas anteriores, trazendo aquela atuação careteira que o fez famoso nos anos 1990. Agora ele está em dose dupla como Ivo Robotnik e seu avô. E como ele diz no trailer, é de fato o dobro da diversão. Mesmo que em alguns momentos ele exagere (algo natural quando se apoiava no humor rasgado de “Ace Ventura”, “O Máskara” e outros), sua interação consigo mesmo rende momentos hilários.
“Sonic 3: O Filme” não prima pela originalidade nem por arroubos de sofisticação em sua linguagem estética ou narrativa. Recicla vários elementos de diversos gêneros, inclusive dos antecessores, mas o faz de forma eficiente, privilegiando a diversão. Talvez agora a franquia tenha encontrado sua fórmula definitiva e siga apostando nela pelos próximos capítulos, já que, ao que tudo indica, a Paramount alcançou o desiderato de fazer de Sonic uma série longeva.
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