O detetive Sherlock Holmes, criado por sir Arthur Conan Doyle teve sua primeira aparição em 1887 no livro “Um Estudo em Vermelho”. Um dos personagens mais adaptado da literatura para o audiovisual, Holmes ganhou inúmeras encarnações. Sua versão considerada mais icônica foi a interpretada pelo britânico Basil Rathbone. Depois, já foi adolescente na pérola pop “O Enigma da Pirâmide”, ganhou uma versão engraçadinha e porradeira na pele de Robert Downey Jr., sem falar no sucesso da TV Sherlock, estrelado por Bennedict Cumberbatch. O detetive de Baker Street sempre foi pop, e assim como o rei Arthur é o personagem mais real da mitologia britânica. Têm-se a sensação de que realmente existiu.
Sua nova faceta vem em “Sr Holmes” (Mr.Holmes, Reino Unido/2015) estrelado por sir Ian McKellen no papel do detetive já idoso. A história se passa em 1947, seguindo o período de aposentadoria de Holmes em uma aldeia Sussex com sua governanta e seu filho com vocação para detetive. Mas, em seguida, ele encontra-se assombrado por um caso sem solução de 30 anos antes. Sua memória não é o que costumava ser, então ele só se lembra de fragmentos do caso: um confronto com um marido irritado, um vínculo secreto com sua bela, porém instável, esposa.
O filme é na verdade uma adaptação de “A Slight Trick of Mind”, de Mitch Cullin, roteirizada por Jeffrey Hatcher (de “A Duquesa”). A escolha de Ian McKellen para o papel não podia ser melhor, o ator já se tornou praticamente um midas hors concours. Qualquer papel que assume reluz. E o diretor Bill Condon (de “Crepúsculo: O Amanhecer” e “Dreamgirls”) que já trabalhou com McKellen em “Deuses e Monstros”, certamente vislumbrou no veterano a melhor opção.
Cheio de referências à mitologia do personagem, o roteiro compõe um epílogo da saga de Holmes. Em sua casa de campo, ele se aprofunda na apicultura e a lógica das abelhas se coaduna com a métrica seguida pelo detetive, traduzida na frase nunca proferida por ele na literatura “elementar, meu caro Watson”.
Um Holmes senil e contradizendo algumas histórias que foram escritas sobre ele é uma interessante desconstrução de personagem que o eficiente roteiro e a competente direção executam com êxito. A direção de arte e a bela fotografia de Tobias A. Schliessler (que também colaborará com Condon no próximo projeto “A Bela e a Fera”) integram com destaque os pontos positivos do filme.
“Sr. Holmes” pode não ser um filme marcante, mas é válido por oferecer um novo ponto de vista sobre o icônico personagem e propoôr uma discussão em cima da falibilidade humana. E claro, a sempre soberba atuação de Sir Ian McKellen que sempre vale o ingresso
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