“Super 8” vacila, mas é quase inesquecível…

Nem é preciso salientar a reunião de dois dos maiores nomes do cinemão hollywoodiano neste que um dos filmes mais esperados da lucrativa temporada de verão americano: Super 8. Com produção de Steven Spielberg e direção do sempre eficiente J. J. Abrams o filme é assertivo ao evocar a nostalgia dos filmes sobre a amizade e virtude que tanto povoaram os cinemas nas décadas de 70 e 80. Há fortíssima influência de E.T. e Os Goonies, filmes que, de uma maneira ou de outra, tiveram o dedinho de Spielberg. E Abrams soube absorver muito bem esses nortes, aliando a sua já conhecida capacidade de criar tensões (vide Lost, Missão Impossível 3) e brincar com suas narrativas. Até a velha questão da paternidade – obsessão de Spielberg – está lá para humanizar a barulheira que viria dali a frente.

Super 8 narra a história de Joe (um fofíssimo Joel Courtney) que, junto com seu hilário grupo de amigos, está envolvido na produção de um filme trash, com uma câmera, claro, Super 8. Foras que tem que lidar com a dor da perda recente de sua mãe e uma complicada relação com o pai. As peripécias do grupo para tal e a descoberta da paixão de Joe pela enigmática Alice (Elle Fanning, comprovando que essa família vai longe) são as melhores partes do filme, onde Abrams, com muito manejo, nos leva a uma viagem pelo tempo da inocência e da fantasia, com humor involuntário e muitas doses aventura juvenil (o que confere o tal charme a la Sessão da Tarde). Porém, na medida que o filme vai evoluindo, e o mistério vai se revelando, começa a ser perceptível que existe pouca história para tanta mise-en-scene. E até a trama pessoal do protagonista perde sua autenticidade.

J J Abrams tem esse problema: quando erra, erra de forma tão bem embalada, que quase somos levados a crer que tudo o que faz é justificado. Não é. Se em filmes como o já citado M:I 3 e Star Trek, que ele cooperou, os roteiros são – do início ao fim – bem arrojados e estruturados, em Super 8 a coisa desanda. O final é inesperadamente preguiçoso e tão sem pé nem cabeça que, mesmo o espectador sabendo que se trata de uma fantasia nostálgica (lembra que citei Goonies, E.T.?) a coisa não convence e chega a incomodar. Uma pena…

Era para entrar para história de gerações que ficam esparramados no sofá, vendo Sessão da Tarde, tomando Todynho. Mas, infelizmente (ou felizmente?), a sessão de E.T. no Telecine Cult ainda ganhará a preferência…

[xrr rating=3/5]

Título Original: Super 8
Ano: 2011
Direção: J.J. Abrams
Duração: 112 min

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