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"Tá Rindo de Que?" se perde no conteúdo e no discurso

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O documentário Tá Rindo de Que?, dirigido pelo trio Alê Braga, Álvaro Campos e Cláudio Manoel, tem como proposta discutir o humor brasileiro em todas as mídias (jornais, revistas, rádio e televisão) durante o período da Ditadura Militar. Só que comete o equívoco que é, de um momento para o outro, simplesmente esquecer de falar sobre o momento político da época e somente se debruçar sobre o humor no Brasil de maneira geral.

Isso ocorre principalmente durante as análises dos programas exibidos pela Rede Globo de Televisão, em especial os shows de Chico Anysio, dos Trapalhões e os programas de Jô Soares (que de todos que estavam vivos na época da produção do documentário, foi o único que não deu nenhum depoimento).

O outro problema do documentário, esse mais grave, é de um discurso conservador que, em certos momentos, alguns dos entrevistados parecem estar defendendo essa época e o próprio regime.

Um dos momentos em que mais se sente isso é na entrevista do Boni, um dos diretores da Rede Globo, que em um momento de devaneio e de mentira histórica deslavada, afirma que o Grupo Globo, liderado pelo seu chefe na época, o famigerado Roberto Marinho, apoiava a “Revolução” (ele jamais se refere à tomada do poder pelos militares de outra maneira) porque eles tinham medo da instauração de uma Ditadura Comunista no Brasil que levaria à perda de sua concessão. Sendo que essa concessão somente saiu após a instauração da Ditadura Militar (então não tinha como eles cortarem algo que não existia até então).

A única coisa que se tira de interessante desse documentário é o resgate histórico de alguns programas humorísticos que ainda nos fazem rir pela sua qualidade e pelo contexto em que se integram. Talvez fosse melhor se pudéssemos ter acesso a esses programas em algum lugar da internet, para rir dos programas que temos nostalgia e não teríamos que ver certas pessoas terem um discurso tão retrógrado e deprimente.

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