Vampiros e bruxos já perderam terreno. A nova onda são os zumbis. Nem tão nova, pois eles já existem no mercado cinematográfico faz um bom tempo. Apenas a maneira que estão sendo retratados é que mudou. Eles correm, se arrastam, caçam, assustam e se espalham a uma velocidade incrível. E parece não ter mais fim. Aos que sobrarem, só resta sobreviver.
A chave para que o assunto não se torne batido é recorrer a diferentes facetas sobre o mesmo, como por exemplo, explorar um lado mais humano. É exatamente o que Marc Foster faz em “Guerra Mundial Z”.
Gerry (Brad Pitt) é um ex- funcionário da ONU que está afastado do trabalho para poder passar mais tempo com a sua família. Ao saírem para mais um dia de rotina, o mundo a sua volta muda num piscar de olhos. Gritos, batidas, explosões e muita correria de pessoas assustadas sabe-se lá com o que. Ao sintonizar em uma rádio, Gerry ouve fragmentos de notícias e só consegue entender que um estranho vírus está a solta e que a população precisar ter cuidado. Preocupado com sua família, ele decide tirar sua esposa e filhas dali o mais rápido possível, mas, não sem antes ver o que de fato é esse vírus. Em apenas 12 segundos morre um ser humano para dar lugar a um zumbi.
Em meio ao caos que se instaurou Gerry consegue ser resgatado por um antigo colega de trabalho. Só que nenhuma boa ação vem de graça e para que sua família fique em segurança, ele precisa voltar as zonas de perigo e encontrar o que ocasionou a infestação.
Baseado no livro homônimo de Max Brooks, Foster levou a história para um outro patamar. No livro a guerra já terminou e Gerry está em uma missão pelo mundo atrás de pessoas que sobreviveram e possam dar seus relatos do que foi a guerra para elas. No filme, Foster resolveu unir as duas coisas, criando assim uma visão mais real de como seria a infestação com Gerry passando por todo aquele sufoco e aflição até atingir o objetivo final. Objetivo esse que é uma incógnita enorme e surpreendente até o filme se aproximar do final.
Os zumbis são animalescos de uma forma grotesca. São mais rápidos e mais fortes e caçam como leões furiosos. O barulho que emitem é surreal e deixa o espectador extremamente nervoso.
Muitos torceram o nariz quando os primeiros teasers começaram a surgir na internet. Acostumados com zumbis mais lentos, reclamaram e bastante do fato deles correrem como loucos e de não haver aquele sangue todo e carnificina costumeiros. A ideia aqui é que quando um humano é infectado – e ele se torna um zumbi – seu corpo e suas habilidades são elevadas a potências absurdas e ele não tem tanta necessidade em se alimentar e sim só propagar o vírus. O corpo ainda está em boas condições, portanto, a caça é puramente algo instintivo. Como um animal selvagem. Só quando eles entrarem em um estado chamado de “dormência” que aí sim precisarão se alimentar.
“Guerra Mundial Z” passou por diversas mudanças e dificuldades ao longo da sua produção, se tornando possivelmente o filme sobre zumbis mais caro da história do cinema. A data foi adiada algumas vezes e sofreu a troca de quatro roteiristas. Foster queria que tudo fosse perfeito. Bom, não é. O filme tem suas falhas como o 3D que parece ter sido feito as pressas e careceu de algumas finalizações. A trilha sonora também peca em alguns momentos onde músicas eletrônicas, lembrando claramente uma rave, entram em cenas onde deveria haver tensão. Mesmo assim o filme está indo muito bem nas bilheterias americanas e pode ser que tenha uma continuação.
Brad Pitt atua praticamente sozinho, já que os outros personagens não possuem um destaque tão grande. O que não chega a atrapalhar o andamento da história e só deixa mais claro que Pitt seria nossa visão e posicionamento ali.
Mesmo não sendo verbalizado, as inúmeras questões sobre o ocorrido ficam pairando sobre nossas cabeças durante todo o decorrer do filme. Inevitável não se por numa situação dessas. Inevitável não perguntar qual seria o grande segredo para acabar com os mortos. O segredo talvez seja simples, conseguir se manter vivo.