“Transformers 3” pode ser bom para os olhos, mas é fatal a nossa paciência

O diretor Michael Bay me intriga. Como um cara consegue ser um artesão estético da imagem (ainda que clipada, mas bem desenhada), mas nunca consegue sair da infantilização (formal?) de seus filmes? Ainda que uma resposta se ensaie, uma vez que quem é esteticamente brilhante não necessariamente é consistente no todo de um longa metragem, a questão é que todos os filmes de Bay (inclusive A Ilha, seu melhor trabalho) parecem idealizados e conduzidos por um adolescente de 11 anos.

Óbvio que em Transformers 3: O Lado Oculto da Lua isso vira um terreno fértil… de baboseiras, mas tudo embalado por um deslumbrante verniz, que só ele sabe fazer…

Vamos lá: a historinha começa até promissora, ao remontar a corrida espacial entre os EUA e a URSS na década de 60 para dar início ao duelo milenar (!) entre os Autobots e os vilões do Decepticons.

Miragem…
A trama mantém a mesma premissa idiotizada dos filmes anteriores: um herói inverossímil é ajudado por robôs inteligentes e grandiloquentes a salvar o mundo. Sempre na companhia de uma namorada gostosa. Dessa vez, os dois grupos antagônicos se digladiam para se apoderar de uma tal espaçonave escondida na lua.

Bom, com um plot desses fica difícil qualquer ranço de desenvolvimento. E o roteiro contribui para isso. São dezenas de frases feitas, soluções dramáticas pedestres e uma direção de atores (!!!) canastríssima. E, mesmo com as tais referências reais da História mundial, fica tudo muito sem sentido, como se o filme fosse um amontoado de possibilidades para muita gritaria de efeitos especiais.

Agora o que que atores como John Malcovich (num personagem tolo e injustificado) e Frances McDormand (fazendo o que pode…) estão fazendo ali? Pagando as contas? E a trilha? Descaradamente chupada de A Origem?

Preciso reafirmar o talento de Bay em envernizar seus filmes. E nesta terceira parte da franquia, a coisa toma uma proporção absurda, principalmente para quem assistir em 3D. Vale dizer que os efeitos do filme são mais espetaculares que 2012. Porém, somos torturados em quase três horas de barulheira ilógica e excessiva, a ponto de começarmos – ali mesmo, sentados no cinema – a sentir um cansaço físico, mental… literalmente, de tudo aquilo. E para completar, numa das últimas cenas, ao fim de uma previsível guerra, ainda somos “presenteados” com um take de uma bandeira americana, bem detonada pela circunstância, planando sobre a paz anunciada.

Bay, sendo bem “teen” como seus trabalhos: “Vai tomar no…”

[xrr rating=1.5/5]

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