[o artigo contém spoilers]
Como todos os leitores aqui do site sabem, desde o momento em que foi dito que o final dos quadrinhos não iria ser usado em sua totalidade no filme (ou seja, vamos mudar senão o público não entende!!!), eu fiquei puto da vida e hoje, após ver o filme, eu posso atestar com toda vontade que existe dentro do meu ser: A Lula Gigante é primordial neste filme!
Para quem não viu o filme, é melhor ir parando por aqui e pular para outro artigo, porque eu vou falar sobre diversas situações que acontecem nos quadrinhos e no filme, e algumas que não acontecem e que deveriam acontecer, portanto, quem não quer estragar o prazer de ver esse filme, pare por aqui e vá ver o filme, vale a pena pela curiosidade, mesmo sem a Lula.
Bem, para aqueles que leram a graphic novel, a Lula Gigante Interdimensional é a culpada pela morte de metade dos moradores de Nova Iorque ao ser teleportada para a cidade por Adrian Veidt, fazendo parecer que aquele monstro veio de outra dimensão, unindo o mundo em uma luta falsa contra um inimigo que nunca existiu.
No filme, essa Lula é substituída pelo Dr. Manhattan, que tem seus poderes replicados e usados para detonar os grandes centros populacionais do mundo, colocando a culpa nele. Porque essa abordagem não funciona? Simples e até a criança mais humilde e inocente poderá atestar: ELE ERA AMERICANO!!!
Para todos os efeitos, por ele ser americano e servir como arma tática destes, os atos dele, mesmo destruindo centros populacionais americanos, acabaria por unir o mundo contra um inimigo comum: os americanos, criadores daquele monstro azul pelado. Mesmo ele fugindo do planeta, o mundo entraria em colapso por se ressentir daqueles americanos malditos e seus monstros azuis que ficam andando pelado e explodem metade de suas cidades.
A mudança foi um ato estúpido, com medo de incitar na mentalidade da massa americana as imagens do 11 de setembro. Porém, Alan Moore, ao criar essa ameaça do espaço, em verdade, criou uma ameaça que por anos, ou séculos, ficaria totalmente isenta de investigação, afinal, todos aqueles envolvidos nas pesquisas dimensionais que, supostamente, teriam trazido a Lula para a Terra, morreram em NY. O plano, como concebido originalmente, era perfeito. A paranóia que esse novo plano pode vir a criar é estúpida e idiota.

Me desculpem aqueles que gostaram do filme porque ele foi, em sua grande parte, fiel ao quadrinho. Meus queridos, sem a Lula, não tem final que preste, porque toda a trama, desde a morte de Blake (Comediante), a investigação de Rorschach, até o relacionamento de Dreiberg (Coruja) e Lauren (Espectral), tudo isso muda com a Lula. Por Deus do Céu, ela beija o Jon (Dr. Manhattan) na boca antes dele sair da Terra, na frente do Coruja.
O final “modificado” que Zack Snyder tentou atolar nas gargantas dos fãs é idiota e me faz pensar porque diabos ele tem que fazer cenas de ação e sexo totalmente estilizadas, em câmera lenta?! Snyder não se inova como diretor e infelizmente, apesar de toda a fidelidade que ele tem aos quadrinhos, essa mudança no final e no ritmo da história, infelizmente comprovam algo que Alan Moore disse muitos anos atras: “Watchmen é infilmável”.
O filme me divertiu, me fez sorrir ao lembrar de várias cenas, a abertura é fantástica, mas, infelizmente, a partir da rebelião na prisão, o filme perde tudo aquilo que vinha conseguindo angariar. A própria cena da rebelião perdeu sua grandeza por ter uma passada muito acelerada. O final, sente-se, foi acelerado por conter detalhes demais e o filme já estar com mais de 2h30 de duração.
O filme é bom em diversos outros aspectos, desde o elenco (tirando a horrível Malin Akerman que tanto ela como atriz, quanto o papel de Lauren Jupiter, foram maltratados desde o começo) até os efeitos especiais e as músicas da trilha (tirando aquela porcaria nos créditos finais), mas, infelizmente, o roteiro é falho e os cortes que Snyder foi obrigado a fazer, retalharam o filme. Só espero que a versão DVD/Blu-ray faça o filme mudar de cara, com novas cenas e quem sabe, mais detalhes da interação entre Lauren e sua mãe, e explicar, mais aprofundadamente, sobre o porque dela odiar tanto o Comediante a ponto dela não querer que ele fosse seu pai.
Juntando-se a péssima edição de algumas cenas (novamente, a culpa pode ser dos cortes de tempo), fica-se a impressão de que Snyder prestou seu tributo ao material, do jeito que ele sabia fazer, mas que, infelizmente, para os fãs, só serviu para criar discórdia.
http://www.youtube.com/watch?v=vIhHema5PNg
J.R. Dib








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