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Battletoads retorna com mais diversão, desafios e humor

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Com tantas reinicializações, remakes e sequências em diversas mídias, desde filmes a jogos, o mercado fica até superfaturado com tantos títulos. Entretanto, revisitar faz parte dos dias atuais e é uma constante para dar a franquias uma nova vida.

Além de capitalizar nossa nostalgia, esses projetos dão aos produtores e desenvolvedores a liberdade de adaptar conceitos antigos à era moderna e atualizar qualidades que tornaram as obras originais tão especiais.

Após 26 anos, Battletoads entram em ação novamente, e muita coisa mudou. Plataformas e jogos beat’em ups não são tão populares como eram nos anos 1990. A Rare, não é mais o grande estúdio de antes.

Novos tempos, onde a dificuldade não é mais um elemento necessário para estender o tempo de jogo. Mesmo assim, a desenvolvedora junto com a Microsoft e a Dlala Studios anunciaram um novo jogo da franquia durante a E3 2018.

Depois de alguns atrasos, a próxima aventura dos sapos mais radicais foi lançada neste ano. Será que conseguiu conquistar jogadores novos e antigos?

Emulando um Clássico

Para começar, não joguei o Battletoads original no Nintendinho (NES).

O game só veio a mim, nos anos de faculdade, pois muitos amigos tratam como um dos “títulos mais difíceis de sempre” e tinha de ver se era verdade. E Rash, Zitz e Pimple me conquistaram.

Battletoads brinca com sua própria história. Em vez de apresentar um reboot, ou fingir que os últimos 26 anos não existiram, o título decide empregar uma técnica bastante simples, mas eficaz, e nos apresenta aos três sapos emergindo de um longo sonho, quase três décadas depois que os vimos em ação pela última vez.

No presente, ninguém sabe quem eles são, nem se importa com o que fizeram no passado. Eles são uma relíquia de um tempo esquecido, quase criando um paralelo com o mundo real.

Enquanto Zitz e Pimple conseguem empregos normais, aceitando a ideia do mundo que não precisa deles. Rash não aceita aquela situação e inicia um plano para encontrar a Rainha das Trevas do clássico game, para derrotá-la e recuperar um pouco de sua glória passada. É a base para que o Dlala Studios se lance a experimentar; apresentando novos vilões e explorar certos conceitos que conseguem dar um pano de fundo a personagens que não tinham originalmente.

E assim, o novo jogo explora seus personagens para criar diferentes situações cômicas que alcançam um ótimo equilíbrio entre o humor e a irreverência, que encontramos em séries como Star vs the Forces of Evil ou Rick e Morty.

Mas dentro de sua classificação E10+, para maiores de dez anos.

Humor na medida certa

A cada nível ou etapas de níveis, temos uma cena, que parece um curta de um desenho animado do Cartoon Network, são uns cinco a dez minutos, mas que diverte muito pela piada visual que traz. Escritas por Tom Kauffman (Rick e Morty),  as cenas são conversas informais, sem sentido, engraçadas, que são levadas ao patamar principal e são tratadas com a delicadeza necessária para obter mais do que uma boa gargalhada.

Embora o roteiro e o humor sejam aspectos que causam, foi a caracterização dos sapos que mais me surpreendeu. Mesmo quem não tenha jogado os games clássicos, dá para identificar com Rash, Zitz e Pimple, mesmo com os clichês apresentados.

Como o jogo é divido em capítulos diferentes, cada um voltado para um determinado personagem. Por exemplo, o primeiro ato foca na incapacidade de Rash de lidar com o fato de não serem mais relevantes na era atual. Seus irmãos decidem ajudá-lo e dá origem a uma série de piadas em que ninguém sabe exatamente se aqueles  sapos são parentes, amigos ou amantes.

Battletoads é uma grande reintrodução de personagens clássicos. Kauffman é eficaz, faz de forma simples uma maneira de reinterpretar figuras que já conhecemos para um público que talvez nunca tenha pensado em Battletoads além de simplesmente um jogo difícil, e ao mesmo tempo oferece para uma nova geração versões mais atraentes desses personagens veteranos.

Análise do Game

O estilo cartunesco junto à tecnologia atual dão uma personalidade incrível aos personagens e ao cenário  em si.

Um jogo único e diferente de tudo o que já vi, os três sapos protagonistas, assim com a antagonista Dark Queen, apresentam novos designs que modernizam suas características e ao mesmo tempo preserva elementos distintos que são reconhecíveis por todos aqueles que jogaram a série nos anos 1990.

Como um bom beat ‘em up, o combate é o que mais brilha no jogo. Os sapos executam combos que ativam uma animação cheia de personalidade:  Rash pode destruir um clássico arcade no meio do campo de batalha; Zitz é capaz de transformar sua cabeça em um boombox gigante; e Pimple joga espinhos de suas costas. Nada faz sentido, mas ao mesmo tempo traz um pouco do caráter de cada sapo.

Se Battletoads fosse um desenho animado, seria um dos melhores desse ano de 2020, mas não é, é um videogame e, como tal, Dlala Studios comete certos acertos, mas também alguns erros que os jogadores podem não gostar. Há uma mecânica incrível, que retoma os elementos clássicos e adiciona conceitos que servem para quebrar a monotonia de atingir hordas de inimigos. Entretanto, a variabilidade pode cansar e levar a jogabilidade para um ponto que afasta do melhor da franquia.

Ação é que não falta, cada sapo oferece um estilo único para garantir a jogabilidade constante. Há três tipos de soco/chute: um fraco para combos rápidos; outro forte que pode ser usar para criar animações especiais e causar danos massivos, bem como quebrar escudos; e um gancho que faz os inimigos voarem.

A diversão está em misturar esses diferentes ataques para criar combos gigantescos e assim afetar todo tipo de criatura ao seu alcance.

A brincadeira não para aí e os desenvolvedores decidiram brincar com o conceito de sapo e fazer de sua língua um fator importante no combate e na exploração. Levando os personagens a terem quatro opções à sua disposição, ofensivas e defensivas.

Desafios para todos os gostos

Para conservar a tradição, Battletoads é um jogo difícil. Não como original, mas é bem mais complicado que os títulos que temos no mercado.

Não sei, se foi influência do mercado, mas o gameplay vai além da porrada e todo tipo de fases de outros gêneros e temáticas aparecem, como quebra-cabeças, tiros, motos voadoras, minigames, naves e mesmo joquempô.

No entanto, chega um ponto em que o aspecto beat’ em up é completamente abandonado para dar lugar a esses estilos que podem não agradar quem pretende tocar algo mais tradicional. As mudanças e os diferentes estilos não são o problema, mas sim a sua frequência.

Acho que cortar dois ou três desses mini-jogos teria sido melhor.

Battletoads poderia ter sido um clone apelativo, mas os desenvolvedores combinam o clássico e novos conceitos para criar uma experiência que mesmo daqui há dois, quatro, dez anos você vai curtir como tivesse jogado pela primeira vez.

Uma aventura curta, mas incrivelmente variada e alegre, com uma história, apresentação visual e sonora magníficas. Devido às mudanças de jogabilidade e/gênero, embora algumas sejam interessantes tanto no aspecto temático como no aspecto de jogabilidade, causam uma quebra do ritmo. Mas que diverte pelo geral.

Saiu para PC e Xbox One.

Nota: Bom (3,5 de 5)

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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