Plataforma: PC, Xbox 360, PS3, Wii, PSP, DS |
Gênero: Futebol |
Selo: Eletronic Arts |
Desenvolvedora: EA Sports |
Lançamento: 28 de Setembro de 2010 |
Analisar mais uma edição de uma franquia de games com lançamentos anuais não é algo simples. Caso o analista sofra de preguiça, é muito tentador partir do princípio de que o jogo deve ser somente uma atualização da edição anterior. A situação de Fifa Soccer 11 incentiva ainda mais esta abordagem: com o amplo reconhecimento da crítica e a consequente reação prometida pela Konami – que admitiu a necessidade de reinventar Pro Evolution para voltar ao topo – será que a EA Sports não iria se escorar no velho mote “em time que está ganhando não se mexe” este ano?
E a resposta é… Sim e não. Toda a base que impulsionou Fifa Soccer nos últimos três anos está lá, mas o que vale é que Fifa 11 é visivelmente melhor do que a edição passada e conta com novidades suficientes para fazer valer a aquisição.
Em time que está ganhando se faz algo de novo
Mesmo que não seja uma revolução, Fifa 11 é um caso mais complexo do que uma simples atualização de jogadores/equipes e bola pra frente, como acontecia há anos atrás. Usando uma analogia básica, trata-se de uma edição que joga pra torcida, refina o toque de bola, acrescenta algumas jogadas ensaiadas novas e continua dando espetáculo em campo. Veja sob a seguinte perspectiva: mesmo que Fifa Soccer 10 precisasse apenas de ajustes finos, ainda assim a EA Sports acrescentou diversas mudanças sutis e interessantes em todos os cantos da nova edição – a ponto de não ser possível comentar em detalhes todas elas sem deixar a resenha do tamanho de um livro.
Temos a movimentação dos jogadores, por exemplo. Ela continua fluida e com a vantagem exclusiva do movimento em 360º, o que pode passar uma falsa impressão de mais do mesmo. Porém, após algumas partidas jogadas, nota-se que o jogo de corpo está bem mais evidente – atletas com a bola a protegem de diversas maneiras, o tempo todo. Além disso, a inteligência artificial (IA) está bem mais refinada – o que se traduz em várias surpresas na forma como os jogadores dão passes, correm para receber a bola, se posicionam na defesa e assim por diante.
Um bom momento que resume o nível de eficiência da IA acontece quando se tenta dar um passe a um companheiro sem marcação… E outro jogador do seu time acaba entrando no caminho. Em qualquer outro game de futebol, somente duas coisas poderiam acontecer nessa hora: ou a bola bate na canela do “intruso” ou ele a domina, talvez “matando” um passe em profundidade milimetricamente calculado. Mas não em Fifa Soccer 11: aqui, o jogador “intruso” pode reconhecer que o alvo original do passe está em uma posição melhor e decidir fazer um corta-luz, deixando a bola passar. E não para por aí: jogadores protegem a bola para ganharem o lateral, esticam a perna para trás para tentar interceptar um passe nas costas, deixam o braço na sua frente para manter a posse de bola… Tudo para deixar as partidas ainda mais realistas do que já eram.
Tais jogadas provavelmente não seriam possíveis sem a adição do recurso Personality+, que acrescenta diversos atributos particulares a determinados jogadores para refletir melhor o tipo de comportamento que eles apresentam em campo. Com este recurso, prepare-se para ver Kaká dando suas tradicionais arrancadas rumo ao gol, Robinho tentando mais o drible e Felipe Melo dando carrinho a torto e a direito (OK, este último exemplo foi pura maldade).
Um efeito colateral do forte jogo de corpo e da IA mais eficiente é que Fifa 11 parece um tanto mais difícil. Bolas enfiadas, toquinhos por cima do goleiro, gols de cabeça e dribles exigem ainda mais habilidade do jogador agora, mesmo nas dificuldades intermediárias. Há uma chance de que alguns jogadores se frustrem ao tentar vencer as defesas adversárias, mas a boa notícia é que o mesmo vale para a sua defesa – agora bem melhor controlada pela CPU do que em edições antigas de Fifa Soccer, em que não tomar gol era um desafio e tanto (versão 2006, alguém? Alguém?). Mesmo os veteranos podem levar um pouco mais de tempo para se acostumarem e obterem resultados além dos 0x0, 1×1 e 1×0 na dificuldade escolhida.
Hora de personalizar
Fifa 11 também avançou no terreno de personalização e integração com a web. Agora é possível criar times e jogadores no Centro de Criação da EA e importá-los dentro do game, o que deve agilizar o processo para quem não gosta de fazer este tipo de coisa no console. Na via contrária, replays podem ser gravados em vídeo no console e enviados ao site www.easportsfootball.com para que todos possam ver os seus grandes momentos de pelada virtual. Os melhores momentos exibidos ao final das partidas agora também estão disponíveis para gravação, o que elimina a necessidade de parar o jogo para compartilhar aquele golaço.
E a coisa não para por aí. Quem não gostaria de ver a si mesmo em campo, jogando pelo seu time? Agora não é mais necessário perder horas acertando detalhes faciais para criar a sua versão virtual em Fifa 11: basta fazer o upload de uma foto sua na página Game Face, ajustar o resultado e importá-lo no console. Como se não bastasse, também é possível importar para o game cânticos de torcida em MP3 e designá-los para momentos específicos da partida, como a entrada do time em campo ou após um gol – uma oportunidade única para toda espécie de zoação pessoal aos times adversários.
Os 11 somos nozes e a onda Romário
O slogan desta edição de Fifa Soccer, “We are 11” (Somos 11), celebra o fato de que pela primeira vez em um game de futebol é possível disputar uma partida online com cada um dos atletas controlado por um jogador. A conta foi fechada com a adição do modo Be a Goalie (Seja um goleiro), com a câmera atrás do gol e a possibilidade de alternar a perspectiva para onde a ação estiver – assim, mesmo no momento em que o seu time está no ataque, é possível dar instruções e comandos aos outros jogadores. Em partidas 11 contra 11, porém, o goleiro ainda precisa ter paciência e observar o jogo enquanto os petardos não vêm, o que pode deixar a coisa toda um tanto maçante. De qualquer forma, é um novo modo que ainda pode ser aprimorado no futuro.
Enquanto a modalidade Virtual Pro se expande, outras se unem e se contraem em Fifa 11. Os modos Be a Pro (Seja um Profissional) e Manager Mode (Modo Dirigente) foram reunidos no Career Mode (Modo Carreira) e enxugados para deixar o progresso mais dinâmico – não há mais agenda de treinamentos, por exemplo. Por outro lado, as transferências de jogadores agora incluem uma segunda etapa: acertar o contrato com o próprio atleta, e não somente com o clube. Mas o mais curioso mesmo é a terceira opção do Career Mode, onde se joga como dirigente-atleta, com direito a entrar no meio das partidas para resolver a parada que seus comandados não conseguem. É de se perguntar se o Romário prestou serviços de consultor da EA enquanto dirigia o América carioca…
Por fim, os modos online são o que já conhecemos de Fifa 10: 1 contra 1 em partidas “rankeadas” ou não, disputas com os Virtual Pro, ligas personalizadas etc. Há diversas opções de critérios de busca, o que torna possível filtrar oponentes que estejam a no máximo 10% do seu nível, que queiram jogar partidas de 6 minutos cada tempo, que estejam na mesma região e que controlem uma equipe de 3,5 estrelas, por exemplo. É óbvio que se você exagerar nos filtros pode acabar sem oponentes mesmo quando há mais de 5 mil pessoas jogando online; porém, o que importa mesmo é que o jogador pode se dar ao luxo de ser tão exigente quanto puder e quiser.
Malditos insetos!
Apesar de todas as novidades e a clara evolução em uma jogabilidade que já era bastante realista, Fifa Soccer 2011 ainda não é perfeito nos quesitos técnicos. O game foi lançado com alguns pequenos bugs e já recebeu dois patches imediatamente após o lançamento. Um dos bugs persiste, ainda que sem maiores consequências: nas telas de carregamento antes da partida – quando o jogador tem a chance de controlar um atleta no campo de treino enquanto espera – às vezes parte do campo e/ou o atleta não são exibidos por alguns segundos. Nada do tipo acontece durante as partidas, porém.
No caso do apuro visual e gráfico, Fifa 11 dá um salto de qualidade razoável em relação a Fifa 10, incorporando animações e detalhes introduzidos em 2010 Fifa World Cup. O polimento deixa o jogo ainda mais agradável visualmente, embora algumas partes, como o estado do campo, não sejam tão detalhadas como no concorrente Pro Evolution. Mesmo assim, somente os mais tarados por pixels serão capazes de reclamar.
Final de jogo
Na mesa redonda pós-jogo, a conclusão sobre Fifa Soccer 11 é bem simples: se você apreciou as edições recentes da franquia, o mesmo jogo está de volta com conteúdo inédito mais do que suficiente para justificar a aquisição – especialmente se você for do tipo que gosta de criar coisas para os games que joga.
Do outro lado da moeda, se a jogabilidade de Fifa Soccer 10 ainda não havia te convencido, é improvável que a edição deste ano o faça. A franquia continua focada em entregar um máximo de realismo de fato, ao ponto de certas partidas acabarem intricadas e cheias de trombadas e passes interceptados – exatamente como acontece no esporte real. A alma de Fifa continua sendo a simulação, e a edição deste ano continua sendo excelente no que se propõe.
Notas:
Apresentação: 4.5/5 |
Ineditismo: 4/5 |
Jogabilidade: 5/5 |
Fator Replay: 4.8/5 |
[xrr rating=4.6/5] |
Comente!