Guidi Vieira lança o EP Dialeto, com parcerias femininas

Lançado em outubro de 2023, o EP Dialeto, da cantora Guidi Vieira, conta com 5 faixas autorais, produzidas pelo guitarrista Pedro Costa, parceiro desde 2016. Dialeto mantém a mistura iniciada no disco Outra língua: a MPB com o rock, desta vez flertando com ritmos africanos em duas faixas (“Fêmea brasilis” e “Rainha”), e mostrando distorções mais evidentes (“Palavra apagada”). O dub também está presente na faixa-título, bem como uma balada, “Joga pra plateia”, inspirada em um dos muitos temas de lo-fi escutados pela artista durante a pandemia.

Escute pelo Spotify:

“Fêmea brasilis” é a faixa que abre o disco. A canção surgiu a partir de um poema de Jade Prata, após Guidi ter perguntado se a poeta teria, dentre seus escritos, algo que abordasse a questão feminina. “Esta canção foi feita de uma só vez. Quando isso acontece é um verdadeiro presente. Culpo o poema, achei muito colorido, muito vibrante, e isso foi inspirador, penso. E eu me senti novamente presenteada quando a Jade gravou essa canção nossa em 2021, porque eu nunca tinha ouvido uma canção minha na voz de outra pessoa, fiquei feliz demais”, diz Guidi. Esta versão de “Fêmea brasilis” pode ser ouvida no disco Espasmo, em arranjo jazzístico, registrado ao vivo.

A segunda faixa é “Rainha”, canção composta durante a pandemia de 2020, uma parceria com a cantora Claudia Holanda, antiga parceira de Guidi em shows e diferentes projetos. “Assim que ‘Rainha’ foi feita eu comecei a tocá-la nas lives da pandemia, e as pessoas gostavam muito dela. Foi a primeira canção que gravei para o EP. A princípio eu achei que seria um single, mas eu e Pedro fomos seguindo com a ideia de gravar, fomos gostando de levar o trabalho adiante desta forma, em um momento onde não poderíamos fazer shows, nem ficar ensaiando presencialmente. Esta faixa foi o pontapé, mesmo”, diz a cantora.

A faixa-título é uma parceria com a compositora Karina Limsi, que surgiu de uma letra enviada por esta ainda em 2016. “Esta faixa teve que dar o título ao EP, não só porque esta letra está comigo desde a época em que comecei o Outra língua, e eu a considero parte desta mesma ‘safra’, mas também porque eu queria deixar uma conexão entre os assuntos: outra língua, dialeto – este idioma que eu falo desde 2016, quando voltei a fazer música e deixei de ser estritamente intérprete”, conta. O alívio de ter finalmente musicado, em 2021, uma letra de que tanto gostava, juntou-se à satisfação de ver a música tornar-se um dub, estilo que ainda não havia explorado.

Sobre a quarta faixa, a cantora conta: “‘Joga pra plateia’ tem uma letra que gostei bastante de ter feito. Há tempos eu vinha, e ainda venho, escrevendo letras sobre vaidade, de forma geral – não a vaidade mais clássica de todas, aquela do espelho, mas uma um pouco mais sutil -, e esse mote ainda não tinha virado música. Ouvindo lo-fi me veio o ambiente perfeito para essa letra. Quisemos manter o clima lo-fi, eu achei que ficou gostoso de ouvir”. “Joga pra plateia” também chegou a ser apresentada em lives por Guidi, já em 2021, em formato ainda mais intimista.

Falando sobre a música que fecha o EP, “Palavra apagada”, que é a única faixa rock do disco, Guidi conta que esta surgiu de uma ocasião quase banal, quando, em uma reunião artística, não teve a oportunidade de falar sua opinião. “Eu gosto quando as canções surgem de fatos pequenos, também, casos que poderiam passar despercebidos, mas que acabam sendo inspiradores. Eu, há alguns anos, não venho deixando passar nada, quase nenhum detalhe. Anoto tudo, quero transformar tudo em música ou texto literário. Eu gosto disso, de tratar quase todo tipo de experiência como um material, e isso contribuir no mais gosto de fazer, que é criar e cantar”, conta. Sobre o arranjo, este contou com a participação do percussionista Adriano Sampaio (que também participa em “Fêmea brasilis”) e do tecladista Nelsinho Freitas. Ambos também fazem parte dos shows deste projeto. “Esta formação tem sido perfeita para o que as canções pedem. Eu e Pedro já nos apresentamos diversas vezes apenas nós dois, e sempre foi bom, mas quando Nelsinho começou a tocar conosco, em 2019, o Pedro ficou menos assoberbado, pois ele também cuida das programações nos shows. Isso deu mais liberdade. E o Adriano chegou este ano, com uma percussão que acrescentou imensamente à sonoridade do nosso repertório”.

Sobre Guidi Vieira:

Cantora fluminense (Niterói/RJ), Guidi tem lançados os álbuns Temperos (2014), como intérprete, e os autorais Outra língua (2020), e Dialeto (2023). Vocalista das bandas Pic-Nic e Staples, Guidi mostra em seu trabalho solo a mistura do rock, que a acompanha desde a adolescência, com a MPB que vivenciou como intérprete, em diversos grupos de música brasileira.

Sair da versão mobile