Subúrbio e hábitos cariocas marcam lançamento de romance histórico

Início dos anos 60, a trajetória de um sambista da comissão de frente da Portela. Candinho, morador de Cavalcanti, apaixonado por Maria das Neves, dona de olhos azuis, filha de alfaiate e costureira, refém de uma criação conservadora. Safiras de Candinho marca o retorno de José Leonídio aos romances de época, após livros publicados em outros gêneros literários. E conta ainda com Carlinhos de Jesus, também morador do bairro de Cavalcanti, num dos textos de apresentação do livro.

A obra será lançada durante a Feira de Lisboa, que acontece em Portugal entre os dias 25 de maio e 11 de junho, com participação virtual de José Leonídio. No Brasil, a chegada de Safiras de Candinho ao mercado será oficialmente no dia 01/06, em sessão de autógrafos no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), no Centro do Rio de Janeiro Janeiro, a partir das 17h30.

A programação no CCJF conta também com a palestra gratuita “A importância da literatura regional na preservação da cultura brasileira”, que será proferida pelo mestre e doutor em Literatura, membro da Academia Brasileira de Imprensa (ABI), autor de inúmeros livros e ensaios e adaptações de obras literárias para o cinema, professor Ivan Proença. Ele assina o ensaio “O Cerrado da Raposa”, o novo texto de apresentação do livro homônimo, numa edição totalmente revista. A Raposa do Cerrado é o primeiro livro de José Leonídio, publicado em 2001, e que recebeu menção honrosa no Prêmio José Veríssimo, União Brasileira de Escritores.

Sobre as obras:

SAFIRAS DE CANDINHO

No livro, estão a periferia de Cavalcanti e o dia a dia de um povo que constitui o outro lado das histórias mais comuns. “Habitualmente, ouvimos narrações em que o poder econômico se sobrepõe”, explica Jose Leonídio, trazendo à cena os populares.

O garimpo se deu em torno da mistura de religiões, abordando a influência do samba, da dança e lançando mão de outras lembranças do autor, morador de Cavalcanti na infância e adolescência, e de mais pesquisas que engrandeceram este romance com informações extras e indispensáveis ao momento histórico.

Antônio Candido, Candinho e Maria das Neves quando incorporada pela Pombagira Rosa do Porto; o Cisne Negro, Sá Toca, as Marlenes, Bolinha e a Mudinha, João Severino, Odila Vieira. A comissão de Frente da Portela; o compositor e poeta Fabrício, os compositores Baianinho, Zeca do Varejo, Dodô Marujo; o Bloco de Carnaval do Seu Sete da Lira e de Audara Maria; a Pombagira Rosa Maria desfilando na Avenida Rio Branco; os bailes nos clubes e matinês; Toti, consumido pela tuberculose, tocando agogô no alto do Primavera e marcando a descida das baianas ladeira abaixo são alguns dos personagens mais relevantes da obra.

O ponto alto, segundo o autor, é Maria das Neves, que pela criação nunca dançou ou frequentou bailes, mas que por conta da entidade Pombagira Rosa do Porto possibilita que a moça baile com Candinho num espetáculo que deixa todos estupefatos. O amor de Candinho pelas safiras de Maria das Neves consagra-se no casamento dos dois e na união dos dois na comissão de frente da Portela, na Em Cima da Hora, nos bailes e na vida.

Raposa do Cerrado

A Raposa do Cerrado é o resultado de uma vivência pessoal do autor José Leonídio participando do Projeto Rondon no Sertão de Canudos, interior da Bahia. As observações durante dois meses, convivendo com a população do município de Cansanção, na região do Cerrado, permitiram construir o romance. A história é baseada em experiências no convívio diário com os habitantes da cidade e da periferia, seus costumes, suas histórias, suas crenças, seus relacionamentos e a importância de cada ator na composição do modus vivendi da cidade. Suas lideranças políticas, religiosas, seus hábitos e, a partir dessas informações, numa visão baseada no realismo mágico tendo como pano de fundo os elementos culturais da comunidade naquele momento histórico.

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