Não me surpreendi ao descobrir que Isaac Asimov, além de brilhante escritor, também foi Ph.D. em bioquímica após ler “Os Próprios Deuses” (The Gods Themselves), seu mais recente trabalho publicado pela Editora Aleph no Brasil.
O livro segue os desdobramentos da descoberta de uma nova fonte de energia limpa e gratuita, que elevou a humanidade para uma nova era de desenvolvimento e prosperidade. Com a “Bomba de Elétrons Entre Universos” o homem não precisa mais trabalhar para viver e os avanços em outras áreas ocorrem mais rapidamente, mas ao mesmo tempo a comoção geral leva a sociedade a fechar seus olhos para os segredos em relação a descoberta, segredos estes que podem causar a destruição da própria vida humana.
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Contra a estupidez…
A primeira parte do livro se desenrola na Terra, com o jovem cientista Dr. Peter Lamont lutando para investigar os fatos e a teoria por trás da Bomba de Elétrons. Mesmo contra o sistema protetor de Dr. Frederick Hallam, aclamado cientista responsável pelo desenvolvimento Bomba de Elétrons, Lamont obtém ajuda do linguista Dr. Myron Bronowski e entra em contato com o para-universo para confirmar seus terríveis pressentimentos.
… os próprios deuses…
A parte mais fantástica do livro acontece no para-universo habitado por uma espécie fantástica de criaturas à beira da extinção, que como última medida, desenvolveram um aparelho capaz de trocar energia entre universos. Através de Tritt, o materno; Odeen, o racional; e Dua, o terço emocional como nunca antes havia existido, Asimov vai além de qualquer paradigma existente nas ficções científicas ao desenvolver a existência completamente diferente da humana em detalhes impressionantes.
… lutam em vão?
A parte final de “Os Próprios Deuses” retorna ao nosso universo para acompanhar o Dr. Benjamin Allan Denison, outro ex-colega de Frederick Hallam desprezado, que chega a civilização Lunar em busca de um porto seguro para trabalhar. Lá Denison conhece Selene, uma mulher nascida e adaptada a vida lunar, e se envolve novamente nos mistérios da Bomba de Elétrons, desta vez com possibilidades reais de chegar a luz da questão. Nesta parte do livro a vibrante visão de Asimov – que parece não possuir barreiras criativas – continua impressionando ao moldar o próximo estágio da humanidade, ao ser lançada no espaço e contra a escada evolutiva natural.
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Apesar de ter vencido o Hugo e o Nebula (principais prêmios literários de ficção científica), e ser eleito por Asimov como seu trabalho favorito, “Os Próprios Deuses” ao longo do tempo acabou eclipsado por outras obras do autor pela mídia e por seus fãs, como seus romances sobre robôs e a série Fundação. No Brasil o livro tinha até agora somente uma edição publicada 73 com o título “O Despertar dos Deuses”, equívoco corrigido pela Editora Aleph.
Recomendo!
- Título: Os Próprios Deuses
- Editora: Aleph
- ISBN:978-85-7657-097-4
- Tradução:Silvia Mourão
- Ano:2010
- Número de páginas:368