As discussões sobre gênero nunca estiveram tão em evidência. Na verdade, em poucos períodos na história a população brasileira esteve tão ativa nos debates sociais e políticos. No livro Má feminista – Ensaios provocativos de uma ativista desastrosa, a autora e ativista Roxanne Gay nos apresenta sua visão política e pessoal sobre o assunto.
Publicado pela editora Novo Século, os ensaios, como a própria Gay relata em sua introdução, são, como o feminismo, falhos, mas são genuínas maneiras de uma situação que ultimamente está em voga.
Por meio de uma seleção de ensaios engraçados e perspicazes, a escritora nos leva a uma viagem sobre sua própria evolução como mulher negra, ao mesmo tempo em que nos transporta a um passeio pela cultura nos últimos anos.
Ela brinca com o problema, com suas frustrações e apresenta um olhar provocativo e ácido sobre o feminismo, o racismo, a leviandade, a intolerância dos movimentos entre outros pontos.
Roxane Gay, 41, é escritora, professora universitária em Indiana (EUA) e feminista. Mas uma “má feminista”, como se apresenta. Sonha com o closet cheio de sapatos e vestidos. Já disse muitas vezes que preto é sua cor preferida, mas gosta mesmo é de rosa. Repudia letras ofensivas de música que mostram a mulher como um objeto, como uma conquista do homem, mas se pega dançando essas mesmas músicas.
Ficcionista e ensaísta americana de origem haitiana, ela ganhou destaque por sua defesa de assuntos como igualdade de gênero e de raça e respeito ao outro ao publicar artigos sobre esses temas em diversos veículos. E conquistou o grande público quando lançou, em 2014, Má feminista. Best-seller internacional, a obra chega às livrarias brasileiras pela Novo Século no momento em que as mulheres protestam país afora contra o machismo e a cultura do estupro e depois que uma adolescente de 16 anos foi brutalmente estuprada por vários homens. “Fiquei horrorizada”, disse Roxane Gay ao Estadão, sobre o caso brasileiro que, ela diz, em nada se difere do que aborda no ensaio A linguagem negligente da violência sexual – o de uma criança de 11 anos estuprada por 18 homens em Cleveland, nos EUA, também filmado. “Este é o futuro. O indizível agora é televisionado”, ela escreve.
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