O livro Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado, da especialista em Psiquiatria carioca Ana Beatriz Silva conta um pouco o que é um psicopata, o que leva uma pessoa a ser psicopata e quais são os “sintomas” de um psicopata.
O primeiro – e maior – mito a respeito de psicopatas que Ana Beatriz desfaz é aquele sobre todos serem assassinos: nem todo psicopata é assassino e nem todo assassino é psicopata. Então, quando a mídia começar a chamar um criminoso de psicopata porque ele cometeu um assassinato brutal, não acredite! Não é assim que funciona.
“Quando pensamos em psicopatia, logo nos vem à mente um sujeito com cara de mau, truculento, de aparência descuidadosa, pinta de assassino e desvios comportamentais tão óbvios que poderíamos reconhecê-lo sem pestanejar. Isso é um grande equívoco” (p. 16)
Segundo Ana Beatriz, os psicopatas são também conhecidos como sociopatas, personalidades anti-sociais, psicopáticas, dissociais, amoras, etc. Ela prefere usar o termo psicopata apenas para não haver confusão entre conceitos.
Então, o que é um psicopata? “A palavra psicopatia literalmente significa doença da mente”, diz. Porém o psicopata não é um doente mental, é alguém extremamente inteligente, frio, calculista, dissimulado e sem nenhum escrúpulo. Eles são incapazes de ter empatia por alguém ou alguma coisa, e nunca se arrependem de seus atos.
Logo no começo do livro, a autora conta uma pequena fábula que exemplifica como é o raciocínio de um psicopata. Um escorpião estava à beira de um rio e pediu ao sapo uma carona para atravessá-lo. O sapo desconfiado perguntou qual a garantia que tinha de não ser picado pelo escorpião ao final do percurso. Mas o escorpião insistiu e o sapo acabou cedendo. No final, o escorpião picou o sapo. Antes de morrer, o sapo quis saber porque havia sido picado se tinha o ajudado a atravessar o rio de boa vontade. O escorpião respondeu: “porque essa é minha natureza”.
É exatamente isso o que ocorre com os psicopatas. Eles não precisam de um motivo para fazer o mal, eles simplesmente fazem porque essa é a natureza deles. E como mal, não devemos entender assassinatos, pois alguns psicopatas chegam a nunca cometer um na vida. Eles mentem, dissimulam, criam intrigas, roubam… São inteligentes e sempre conseguem criar situações para sair de uma encrenca ou convencer alguém a acreditar neles. E eles são bons nisso!
O livro traz muitos exemplos, alguns são casos reais com os quais a autora trabalhou e outros foram veiculados na mídia e que conhecemos, e nem todos envolvem assassinatos.
Mentes Perigosas possui linguagem bem acessível. A autora utiliza muitos adjetivos e, às vezes, chega a dramatizar um pouco. Se você está interessado no tema e quer saber um pouco sobre o básico do assunto, o livro é uma ótima opção. Se você já tem um pouco de conhecimento, pode se frustrar com a leitura. Creio que a autora escreveu o livro para o primeiro perfil de leitores, os leigos no assunto. Então, acho que é uma leitura válida para quem não o conhece, assim como o pensamento de que o psicopata é um assassino, outros também podem ser esclarecidos. Os psicopatas vivem entre nós, identificá-los não é tarefa fácil (nem por um profissional), mas um mínimo de base é fundamental. Mesmo não conseguindo identificá-los, em determinadas situações já podemos ficar mais atentos às possibilidades.
esta mulher é tudo menos uma psicanalista. ela saberia q a psicopatia não é "uma coisa da natureza". é uma forma de estigmatizar ainda mais esta questão. no entanto, ela tem razão: há muitos psicopatas e a absoluta maioria não é assassina. e quem sabe se não vivemos num sistema social q é, ele próprio, uma psicopatia generalizada?
Concordo com você, Guilherme, o uso do estigma que a autora aborda para vender o seu livro foi uma boa jogada de marketing. O inimigo mora ao seu lado, e nossa sociedade sempre foi perigosa. Veja o que fizeram com Jesus, Wallace, Luther King, Lennon e Gandhi.
O livro deveria se chamar: “Como ganhar milhões de reais às custas da ignorância alheia dos leitores”. Chega a ser uma atitude antiética uma plublicação dessas.
Não sei até onde posso discordar de vocês, mas, pelo meu entendimento, quando o escorpião, na fábula, responde ao sapo “- Porque essa é a minha natureza!”, fica interpretado que ele se refere ao que é próprio dele. Ou seja, estaria apenas afirmando que “picar” é da SUA natureza…
Sinceramente, não consegui interpretar o excerto do livro da mesma forma que vocês… E, para dizer a verdade, confesso que nem compreendi direito o que quiseram dizer com “ela saberia q a psicopatia não é ‘uma coisa da natureza'”.
Talvez seja mais cauteloso que voltem à leitura do livro para que façam uma nova interpretação…
Talvez eu…
De qualquer forma, é inegável que é característico ao escorpião PICAR, assim como é característico ao psicopata enganar, trair, mentir, ludibriar, extorquir ou, em alguns casos, matar. Seja como for, é assim que interpreto… E concordo.