Com um processo criativo único, o artista Paulo Leminski se revelou um escritor prolífico, versátil e multitalentoso. De fato, a sua produção compreende vários gêneros literários, da poesia à prosa experimental, da crítica literária à tradução, da criação publicitária à composição musical. Traduzir tudo isso em uma exposição é uma missão cumprida pela mostra Múltiplo Leminski, que chega aos seus últimos dias no Centro Cultural da UFRGS, com entradas gratuitas e uma programação especial
Com visitação aberta até dia 26/04 (quarta-feira), quando acontecerá às 18h uma aula-show de José Miguel Wisnik sobre o homenageado. Os ingressos para o evento estão esgotados, porém, no dia da apresentação, será organizada uma fila, por ordem de chegada, para ocupação de possíveis lugares vagos, buscando acolher o máximo de interessados em assistir à aula-show. No dia 25/04, (terça-feira), também às 18h, o ator Marco Franchotti interpreta poema de Leminski. O mural de Grafite de Giz com a temática da exposição assinado por Laura Fuke seguirá em exposição até dia 12 de maio. Toda essa programação chega em um momento especial para um autor que vem sendo redescoberto por novas gerações de leitores.
“Foram seis meses de visitação e tivemos um público excelente. Vimos trabalhos dos próprios alunos da faculdade surgindo inspirados pela mostra em cursos como os de música e de teatro, além de ver uma boa visitação de escolas. Foi realmente que recolocou o Centro Cultural na agenda da cidade neste momento pós-pandemia”, conta Lígia Petrucci, Diretora do Centro Cultural da UFRGS.
“A multiplicidade é contemplada e pode ser contemplada por quem o conheceu bem, por quem o conheceu um pouco, por quem o acha que conheceu, por aqueles que não tiveram essa oportunidade e agora têm”, avalia Alice Ruiz, poeta e compositora. Companheira de vida de Leminski, ela divide com as filhas do casal, Aurea e Estrela, a curadoria da exposição. A seleção dos materiais originais e a proposta expositiva da mostra têm sido revisadas e modificadas a cada montagem, adaptando-se às características do espaço.
Esse caráter metamórfico da Múltiplo Leminski foi algo que esteve presente desde a primeira edição, em 2012. “A exposição surgiu com o convite do Museu Oscar Niemeyer, de Curitiba, para realizar uma mostra no Salão do Olho. Como tínhamos um espaço expositivo de mais de mil metros quadrados, foi possível revelar todas as áreas em que Leminski atuou e seu processo de criação”, conta Aurea Leminski.
“A ideia era fazer uma exposição completa, abrangendo todas as suas atuações, com o intuito de desmistificar e elucidar vida e obra. Para dar a sensação de mergulhar na cabeça de um criador: o vasto repertório como letrista e compositor, recortes específicos das facetas como jornalista, publicitário e crítico por meio de originais (manuscritos e datilografados), entrevistas, cartas, documentos pessoais, crônicas de jornais, fotografias e vídeos”, completa.
Hoje consagrado como um dos nomes mais importantes e vibrantes da literatura brasileira, Leminski nasceu em Curitiba, em 1944, e fez de sua vida uma busca contínua pelo sublime. Seja pela procura religiosa, que despertou precocemente a vontade de ser monge, levando- o a passar parte da juventude em um mosteiro, em São Paulo; seja até na filosofia zen que marcou sua obra; passando pelo minimalismo do dia a dia dos haicais. Esta forma poética japonesa, aliás, teve no autor um de seus grandes divulgadores no Brasil.
Em 1975, começa uma série de lançamentos de trabalhos que se tornaram marcos na literatura brasileira com “Catatau”, em prosa, e os escritos poéticos independentes “Quarenta clics em Curitiba” (com o fotógrafo Jack Pires), em 1976, e “Não fosse isso e era menos não fosse tanto e era quase” e “Polonaises”, ambos de 1980. A repercussão destes trabalhos foram base para o inovador “Caprichos e relaxos” (1983). Quatro anos depois, Leminski lança seu último livro em vida, o cultuado “Distraídos venceremos”.
Como tradutor, Paulo Leminski trouxe para nossa língua textos de autores plurais como Matsuó Bashô, Beckett, James Joyce e John Lennon. Como compositor, escreveu mais de 100 canções e teve suas composições gravadas por estrelas da MPB como Caetano Veloso, Itamar Assumpção, Ney Matogrosso, Paulinho Boca de Cantor e Moraes Moreira. Em 2015, a sua filha Estrela Ruiz Leminski compilou as canções do pai em um songbook, com partituras e cifras que podem ser baixadas de modo gratuito.
Serviço:
Múltiplo Leminski em Porto Alegre
Até 26.04.23
Onde: Centro Cultural da UFRGS
Rua Eng. Luiz Englert, 333 – Campus Central da UFRGS – Porto Alegre
Funcionamento: Segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
Entrada gratuita
Agendamento de escolas ou outras informações: 51 – 3308-1981 / centrocultural@ufrgs.br








Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.