
Mei Wang é a primeira detetive particular da China, mas como tal atividade é proibida pelo governo chinês, ela atua oficialmente como consultora de informações. Infelizmente os problemas de Mei vão muito além da escolha de sua profissão. Bonita e inteligente, Mei possuía um importante cargo de respeito no ministério de defesa chinês até misteriosamente pedir demissão, tornando-se rapidamente mal vista pela sociedade e consequentemente afastando todos seus amigos. Até mesmo sua família desaprova suas escolhas, culpando Mei por seguir os passos de seu pai, um intelectual que se envolveu com política e acabou morto na prisão. Para a infelicidade de Mei, sua irmã e sua irmã – e orgulho de sua mãe – somente se preocupam com sua ascensão na nova sociedade chinesa, tornando Mei alvo de críticas e desapontamento.
Em meio as conturbações impostas por sua nova vida, Mei é abordada por um tio que diz intermediar o governo na busca pelo “Olho de Jade“, uma peça valiosíssima supostamente destruída durante os conflitos no sul da China, mas que pode estar em algum lugar do mercado negro de Beijing. Sem muitas pistas Mei começa a desenterrar o passado, mas suas descobertas a levam também para o próprio passado de sua família.
A trama da busca pelo Olho de Jade é bastante fraca e a parte mais desinteressante do livro, felizmente isso acaba não importando muito já que o romance retrata de maneira maravilhosa a sociedade chinesa dos anos 90 e o início da abertura capitalista que elevarão a China como maior potência mundial. E não estou falando retratar de um ponto de vista superior, a escritora Diane Wei Liang consegue transpor nossa imaginação para junto dos personagens do livro, coexistindo e experimentando das cenas cotidianas a agonia de viver sob um regime que busca controlar todos passos da população. Acredito inclusive que o romance poderia servir como excelente propaganda turística para o governo chinês caso não apresentasse também severas críticas ao regime e as fundações da atual sociedade chinesa.
A escritora Diana Wei Liang nasceu em Beijing, passou boa parte da infância num campo de trabalhos forçados no interior do país e saiu da China para viver nos Estados Unidos e depois na Inglaterra após participar do “Movimento Estudantil pela Democracia” na década de 80.






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