“Os Impostores” promete mas não cumpre

Raramente me baseio na opinião de um outro autor para ler um determinado livro. Principalmente me guiar por aquelas chamadas de capa com frases feitas para vender. Só porque um autor recomenda a obra não significa necessariamente que ela será boa ou ruim. O talento dele para a escrita pode não ser igual para leitura. Ainda assim, acabei caindo nessa armadilha imposta por John Grisham quando afirmou que “Os Impostores” (Editora Arqueiro – 336 páginas) era um suspense inteligente…bem, não é.

Os ImpostoresKate é casada com Dexter e juntos tem dois filhos lindos. Seu casamento está indo muitíssimo bem e ela gosta do seu trabalho, apesar de se sentir cansada algumas vezes. Um belo dia, Dexter chega em casa e lhe conta que recebeu uma oferta de trabalho irrecusável e que eles precisariam se mudar o quanto antes para Luxemburgo. Toda essa novidade repentina deixa os instintos de Kate em alerta. Afinal, ela sabe muito pouco sobre o trabalho do marido, mas confia nele de qualquer forma. E após anos de dedicação a um emprego ela precisará cortar os laços que estão bastante enraizados. Dexter acredita que sua esposa é uma funcionária do governo responsável por lidar com uma papelada enorme todos os dias. O que ele não sabe é que na verdade Kate é ex-agente da CIA e que fez muito trabalho de campo antes de passar para a parte burocrática após o casamento. De qualquer forma, ela ainda mantém algumas manias de agente como sua desconfiança e a eterna sensação de estar sendo observada.
Ao se mudarem para Luxemburgo, Kate passa a ser integralmente uma dona de casa e a rotina acaba lhe deixando com tempo de sobra. E como o ditado “quem procura acha” não foi criado a toa, Kate passa a desconfiar do marido que quase não para em casa e se esquiva ao falar sobre o trabalho dele. Ela suspeita que o marido esteja metido em algo ilegal, mas não faz ideia do que exatamente. Julia e Bill, outro casal de americanos, se mudam para o país também e eles quatro acabam ficando amigos. Mas, quando Julia começa a se mostrar muito curiosa sobre ela e sua família e também a enchê-la de perguntas, Kate tem certeza de que algo não está certo e que precisa proteger sua família.

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O problema em prometer algo e não cumprir é a expectativa que se cria em cima da história. Ao longo das páginas, implorei para que de fato existisse esse tal “suspense inteligente” do qual Grisham mencionou e que não passou disso mesmo, uma menção. Chris Pavone se embola numa narrativa extremamente detalhista e acaba conduzindo o leitor a um labirinto confuso que trafega entre passado, presente e futuro sem muita distinção entre eles. Os personagens criados são tão complexos que leva-se quase o livro inteiro para explicar suas origens e os motivos que tiveram para guardar tantos segredos, deixando assim, pouquíssimo espaço para a conclusão da trama. Pavone acaba pecando pelo excesso e o que deveria conter ação e suspense, acaba sendo um livro monótono. No final, as escolhas de Pavone não foram nada boas e a história só se movimento nas últimas vinte páginas.

Continuarei acreditando na excelência dos livros de John Grisham, mas passo a duvidar de suas preferências como leitor.

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