Sinopse: Barrett Meeks, que acabou de perder mais um amor, está à deriva. Ao atravessar o Central Park, ele se vê repentinamente inspirado a erguer os olhos para o céu, onde uma luz pálida e translúcida parece encará-lo de uma forma nitidamente divina.
Ao mesmo tempo, seu irmão mais velho Tyler, músico viciado em drogas, tenta em vão escrever uma canção de amor para sua noiva, Beth, que está gravemente doente. Barrett, assombrado por aquela luz, inesperadamente recorre à religião. Tyler, por sua vez, se convence cada vez mais de que apenas as drogas serão capazes de dar vazão à sua verve criativa mais profunda.
E enquanto Beth tenta encarar a morte com o máximo de coragem possível, sua amiga Liz, uma mulher mais velha — cínica, porém perversamente maternal —, lhe oferece ajuda. Guiados pela narrativa sublime de Michael Cunnningham, acompanhamos Barrett, Tyler, Beth e Liz à medida que trilham caminhos definitivamente distintos em sua busca coletiva pela transcendência.
Michael Cunningham retirou da fábula A Rainha da Neve, escrita em 1844 por Hans Christian Andersen, a inspiração para criar uma reflexão sobre sonhos e relações humanas no cotidiano que vivemos sem perder o fantástico que permeia a obra original. Afinal o que seria da existência sem os pequenos mistérios que nos obrigam a pensar para além da lama.
Barrett, Tyler, Beth e Liz não trazem histórias espetaculares ou tampouco são movidos pelos ideais românticos de valentia ou vilania – daí a grande qualidade do livro, que não se trata de uma releitura da fábula, mas traz consigo elementos similares. Cada um de seus personagens, como todos nós, segue na narrativa envolvo às expectativas e sonhos mesquinhos, e disto o autor se aproveita para nos conduzir ao longo do intervalo de alguns anos através dos desdobramentos de cada ação dos personagens e, obviamente, suas consequências para consigo e com os próximos.
Comentar os acontecimentos do livro para além da sinopse tiraria o propósito da leitura, mas é interessante observar como um grande escritor, aqui Michael Cunningham, já consagrado por As Horas, possuí a capacidade de tornar interessante uma prosa de 200 páginas com um tema que caberia num conto e ainda criar empatia do leitor para com seus personagens, que absolutamente não possuem absolutamente nada especial. Uma boa leitura.
Ficha Técnica
A Rainha da Neve, de Michael Cunningham
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Título: A Rainha da Neve
Título Original: The Snow Queen
Autor(a): Michael Cunningham
Tradutor(a): Regina Lyra
Editora: Bertrand Brasil
Edição: 2015 (1ª)
Ano da obra: 2014
Páginas: 252
Michael Cunningham nasceu em 1952, em Cincinnati. Escreveu sete romances, entre os quais As Horas, vencedor dos prêmios PEN/Faulkner, Pulitzer e Stonewall Book Award. É professor da Universidade Yale e vive em Nova York.