Nomes da luta e resistência negra, ativistas e artistas LGBTQI são entidades guerreiras e personagens da realeza no clipe da faixa “Real Grandeza”, da cantora e compositora carioca BEL. O vídeo fecha o ciclo do álbum “Quando Brinca”, lançado em 2017 pela Sagitta Records e marca novos passos no trabalho da artista.
“‘Real Grandeza’ é uma música que fala sobre a permanência diante das transformações. Sobre celebrar o que fica, o que resiste. O clipe apresenta um grupo de guerreires, corpos dissidentes, entidades do agora que evocam uma ancestralidade atualizada construindo possibilidades de futuro – um futuro que já é. Atravessar os tempos nos torna mais fortes”, conta BEL.
Para construir as entidades do clipe, todo feito em fotografia analógica preto-e-branco, a cantora se uniu aos diretores Lucas Cannavaro e Miro Spinelli. Juntos, montaram uma lista de pessoas que os inspiravam e que representavam a “real grandeza” do presente. Com elenco e equipe propositalmente diversos, o clipe abraça uma gama de possibilidades, identidades, belezas e realezas que vão além dos limites e definições da normatividade.
“Junto do convite para o clipe, pedimos para que todos respondessem um questionário que se assemelhava com uma carta de RPG ou algo do tipo: as perguntas eram ‘Que animal você seria?’, ‘Qual seu amuleto de poder?’, ‘Qual é a sua magia?’, etc. Com as respostas em mãos, nos juntamos à Tchuskka e Nathália Gastim, diretoras de arte, e criamos os personagens”, conta a artista.
Nascida no Rio de Janeiro, BEL é cantora, compositora, instrumentista, escritora, artista visual e produtora cultural. Iniciou seus estudos musicais ainda criança e começou a compôr por volta de 2009, quando publicou uma coleção de poemas manuscritos de sua autoria, de onde saíram muitas das letras do disco que viria posteriormente. Foi integrante das bandas Mohandas – onde atuou até 2015 e com a qual lançou dois EPs, um compacto e os álbuns “Etnopop” (2012) e “Um segundo” (2015), este último com produção executiva de BEL e produção musical de Lucas Vasconcellos (Letuce, Legião Urbana); e Xanaxou, que unia oito mulheres intérpretes, compositoras e instrumentistas no ano de 2016.
Em 2017, lançou seu disco de estreia, “Quando Brinca”, que combina tons eletrônicos, jazz e MPB a letras poéticas que refletem sobre a relação com a cidade, a sexualidade, as causas LGBT e feminista e o mundo contemporâneo. Em 2019, lançou o single “Banquete Fake” pela Coletânea SÊLA, em parceria com o Programa ASA do Oi Futuro. A faixa foi produzida por Rafa Prestes e contou com a participação de Larissa Conforto, Mari Romano e Mahmundi. Atualmente, BEL também organiza e assina a curadoria do projeto Palavra Sapata, que visa a difundir a literatura lésbica e estimular essas narrativas e se prepara para lançar um EP de inéditas, que terá produção musical de Maria Beraldo e será feito com recursos do edital SonânciasLab. Para encerrar o debut de “Quando Brinca”, ela escolheu uma faixa com forte valor sentimental e que no disco conta com participação do cantor Qinho.
“Eu tenho uma paixão especial por essa faixa porque ela também me lembra minha mãe, me traz a imagem da casa onde vivemos e onde vivo até hoje, me desperta uma sensação de acolhimento e paciência. Depois que a escrevi, em 2012, vi na letra uma carta póstuma escrita por ela para mim – isso me emociona demais”, declara BEL.
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