Música

Canto Cego transforma a repressão da sexualidade feminina no clipe “Fogo”

Faixa Fogo é um dos destaques do recém-lançado terceiro álbum da banda carioca Canto Cego e ganha clipe no Dia do Rock

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Canto Cego
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A banda carioca Canto Cego utiliza sua arte como uma forma de resistência, e essa perspectiva fica ainda mais evidente em seu pungente novo álbum, intitulado “Canto Cego”, o terceiro trabalho do grupo. Um dos destaques do álbum é a canção “Fogo”, que acaba de ganhar um clipe lançado no Dia do Rock, combinando a intensidade do rock do Canto Cego com sua potência lírica. A faixa expõe a maneira como o prazer feminino é percebido, sob a ótica da loucura, perigo ou pecado. O clipe apropria-se dessa narrativa, utilizando símbolos como a rosa e as bonecas de corpos perfeitos, apenas para subvertê-los.

Com uma poética intensa da cantora Roberta Dittz, a letra destila os versos “eu sou o amor que arde no fogo / eu sou uma flor que nasce no fosso”. A ambientação do vídeo remete à era medieval, porém, a instrumentação revela: “Fogo” continua atual. Inspirado por bandas como The Mars Volta e Cordel do Fogo Encantado, o quarteto abraça temas poderosos nessa faixa, que se torna uma ode ao empoderamento feminino, às contradições da sexualidade e à repressão religiosa.

Canto Cego sempre esteve engajada em questões sociais e políticas, e essa mensagem também se reflete em seu novo trabalho. O álbum marca um momento de amadurecimento artístico e criativo para o grupo, celebrando a evolução musical e a união ao longo de uma década. Com uma sonoridade plural, “Canto Cego” apresenta canções que exploram diversas potencialidades da banda, desde momentos mais poéticos com ambientações imersivas até explosões roqueiras e barulhentas, expressando a essência visceral do projeto.

“Com este álbum homônimo, estamos fazendo um exercício muito especial de autoafirmação, colocando nosso nome em destaque, reafirmando nossa presença, sem medo de deixar uma marca”, afirma a vocalista Roberta Dittz. Além dela, a banda é composta por Rodrigo Solidade (guitarras), Ruth Rosa (bateria) e Magrão (baixo). Ao longo dos últimos 10 anos, a formação da banda se manteve estável, transmitindo uma mensagem de afeto, tolerância e amor em um mundo onde as individualidades ganham cada vez mais destaque.

A trajetória da Canto Cego é marcada por apresentações em palcos e festivais importantes, como Rock in Rio, Montreux Jazz Festival (Suíça), Porão do Rock, Circo Voador e Imperator. Seu primeiro álbum, “Valente” (2016), trouxe faixas compostas em parceria com o saudoso Marcelo Yuka, enquanto o segundo álbum, “Karma” (2019), integrou elementos de percussão e letras sociais e existencialistas.

Agora, “Canto Cego” oferece um olhar renovado da banda, influenciado pelos últimos anos no Brasil. Lançado pelo selo Machinna, o trabalho é uma demonstração inegável da habilidade, versatilidade e potência do grupo. Com o lançamento, Canto Cego reafirma sua relevância no cenário musical brasileiro.

O álbum já está disponível em todas as plataformas digitais. Além disso, a banda planeja anunciar em breve uma turnê para levar seu novo trabalho aos palcos e compartilhar sua música com o público ao vivo.

Ficha Técnica

Fotografia: Tuna Mayer

Direção e Edição: Roberta Dittz

Direção de Arte e Figurino: Bruno Maria Torres

Assistência de Arte e Figurino: Renato Barreto

Co-produção: Verama Filmes, QG Audiovisual, Canto Cego e Camila Mira.

Composição e Voz de Roberta Dittz, Magrão, Rodrigo Solidade e Ruth Rosa

Guitarras e Efeitos de Rodrigo Solidade

Bateria de Ruth Rosa, Baixo de Magrão

Percussões de Rodrigo Maré

Produzido por Canto Cego e Rodrigo Solidade

Gravado por Pedro Garcia no Estúdio Cantos do Trilho e Rodrigo Solidade no Kora Lab e Ópera 3

Edição de Rodrigo Solidade

Mixagem de Pedro Garcia

Masterização de Carlos Freitas

Conceito Gráfico Vinícius Tibuna

Selo Machinna

Distribuído por Shake Music

Letra

Bruta, fonte do sagrado e do profano

Dose do veneno mais cruel

Lentamente posso enlouquecer

Dualidade indomável 

eu sou o amor que arde no fogo

eu sou uma flor que nasce no fosso

Louca, crenças cultivando minhas culpas

Bem e mal disputam meu prazer

Julgam o meu íntimo infiel

Delirante incansável

eu sou o amor que arde no fogo

eu sou uma flor que nasce no fosso

Confinada a sete chaves de mim

Acordada no breu da madrugada infinita

A verdade corroendo vazios

Eu através, inversa

feita de pequenos retalhos

Detalhes que iluminam versos e selvas para dentro do peito

do suspiro reinvento um eixo

finjo existir conexão, finjo estar em outro plano

finjo entender o que é o mundo estrangeiro

De estranhamentos em espantos, 

de amor em desencantos, reluz um grão de areia em mim. 

Da vida me enfureço, me mergulho, me ofereço 

No fosso mais profundo adormeço

Sonho com um novo mundo 

Revelando mundos, para revelar a mim.

Fogo, fogo, fogo, fogo

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