Chico Science e o projeto estético do Manguebeat

Esta semana foi aniversário de Chico Science, o “Francisco França” de que Gustavo Black Alien fala na sua “Caminhos do Destino”.

Pra mim, junto com Planet Hemp, O Rappa e o CBJR, a junção do Chico Science com a Nação Zumbi formam o time dos 4 grandes da música urbana brasileira dos anos 1990. Chico Science jogou com talento singular aquele jogo da fusão do local com o global, compensando a precariedade material e a condição subalterna dentro do ocidente com inventividade e espírito de cooperação.

Assim, criaram um movimento cultural coletivo, o Mangue (posteriormente rebatizado de Manguebeat), que teve até manifesto, o “Caranguejos com Cérebro”, escrito por Fred 04, do Mundo Livre S/A, Renato L e pelo próprio Chico Science.

Chico Science e o projeto estético do Mangue Beat

Com sua música, Chico Science radicalizou e atualizou o projeto que alguns poderiam localizar no seio do tropicalismo baiano ou mesmo do modernismo paulistano, o que eu resisto em fazer.

Prefiro filiar o manguebeat num processo próprio ligado à potência cultural de Recife, como cidade polifônica e atravessada por uma urbanidade musical complexa e multifacetada, fortemente ligada às consequências da música afro-diaspórica, sempre repleta de sobreposições, hibridações e ambivalências.

De qualquer forma, com Chico Science e Nação Zumbi, mais uma vez, o Brasil demonstra que, na música, é uma potência exuberante, cosmopolita e descolonizada.

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