Por muitos anos eu escutei o som de uma banda e sempre me perguntava o que havia ocorrido com ela, que estava desaparecida. Bem, Days of The New não fez o sucesso do Guns ‘n Roses, mas tem algo em comum: o Egocentrismo do vocalista.
No caso, Travis Meeks. Meeks era mais um cara que vivia pelas ruas dos EUA sonhando em fazer sucesso como cantor. Um dia ele se juntou a dois amigos de colegial e, com mais dois, formaram o Days of The New.
Para uma banda totalmente desconhecida, o Days vendeu muitíssimo bem, especialmente se levando em consideração de que os únicos instrumentos usados no primeiro álbum eram baixo, bateria e violões, e a voz de Meeks é claro.
Chegando a abrir o show de Jerry Cantrell (do Alice in Chains) e Metallica, a banda fez seu papel em marcar um lugar no hall da fama do rock. O problema da banda era Meeks. Da mesma forma que a fama subiu à cabeça de Axl Rose, Meeks se viu como o frontman de uma banda que havia galgado seu lugar no topo das paradas norte-americanas e agora ele havia se tornado, em sua cabeça, o único responsável por isso. O que ele fez então?
Demitiu toda a banda e formou uma nova, gravando o segundo álbum praticamente sozinho e depois vindo a fazer os shows com a banda nova. Mas em vez de violões, ouvimos batidas eletrônicas e alguns instrumentos clássicos como violinos nas músicas. O álbum não vendeu o esperado. O terceiro álbum então quase não teve vendas, e a gravadora suspendeu o contrato deles.
Meeks, viciado em metanfetaminas, vive em clínicas de reabilitação e mais um talento da música é desperdiçado porque o poder subiu à cabeça.
Não é estranho ouvir histórias como a de Meeks no meio musical. Diversas bandas tiveram constantes divergências entre frontmans que se achavam os reis da cocada preta e o resto da banda suava enquanto o vocalista recebia os louros da vitória.
Guns ‘n Roses virou motivo de chacota a ponto de uma rede de bebidas americana dar de graça uma lata de seu refrigerante para cada habitante dos EUA se o Guns soltar um disco novo. Axl Rose, o pivô de todas as brigas da banda engordou, perdeu o rebolado e só está aguardando o momento certo para se aposentar de vez; afinal, Chinese Democracy (novo álbum da banda), não irá sair nunca mais.
Outras bandas como Pink Floyd, Fleetwood Mac, Deep Purple e Black Sabbath tiveram problemas similares entre membros da banda e vocalistas que pensavam serem os donos da banda; em alguns casos, chegaram a ir aos tribunais, como foi o caso do Pink Floyd.
Roger Waters era o idealizador da maioria dos álbuns, criador de músicas maravilhosas, mas um egocêntrico de mão cheia. Quando saiu da banda no começo da década de 80, ele quis levar consigo o nome da banda, mas ainda haviam três membros na banda: David Gilmour (maior desafeto de Rogers), Richard Wright e Nick Mason. Nos tribunais, Rogers, por ter abandonado a banda, perdeu o direito de manter para si o nome dela. Suas viúvas choram até hoje.
Fleetwood Mac foi uma coisa um pouco mais relacionada a brigas de casais do que egocentrismo, mas era óbvio que Stevie Nicks e Christine McVie, esposas dos guitarrista e baixista da banda, e frontwomen da banda, estavam se achando, e isso muito tempo antes de começar o processo de separação dos casais.
O Faith No More, banda que teve como segundo vocalista o esculhambado Mike Patton, teve alguns momentos dignos de nota, em que simplesmente todos os membros não se conversavam por causa de brigas, bebedeiras e mulheres.
Vê-se claramente que nem sempre a culpa é do vocalista, mas normalmente ele estará envolvido nisso de alguma forma e os fãs, querendo ou não, irão apedrejá-lo publicamente na primeira oportunidade.
[Atualização]: Minha teoria mais uma vez é comprovada. Essa semana a banda Hooverphonic perdeu sua vocalista em razão das brigas internas entre esta e um dos membros originais da banda, Alex. Geike era a segunda vocalista da banda e foi com ela que esta fez sucesso. Agora basta esperar para ver qual será o futuro (ou não) da banda.
J.R. Dib
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