Em formato intimista, Titãs consolidam nova fase

Em uma sexta-feira pós-carnavalesca (15/02) os Titãs trouxeram ao Rio de Janeiro o projeto Uma Noite no Teatro. Apresentado no Teatro Bradesco, na Barra da Tijuca, o show objetiva proporcionar uma experiência mais intimista. Mas ao contrário do que se poderia pensar (não deixa de ter certa lógica), não há similaridade com o “Acústico”. É uma apresentação regular da banda, agora com nova formação. Um formato mais “calmo” seria de fato mais adequado. As apresentações usuais da banda paulista incitam agitação. Definitivamente não é para se assistir sentado em uma poltrona de teatro.
A mini turnê também serve para consolidar a nova formação da banda. ‘Comida’ abriu os trabalhos. Coincidentemente, a faixa do álbum “Jesus Não Tem Dentes no País de Banguelas” também iniciava o “Acústico”. A segunda foi o cover de Raul Seixas,‘Aluga-se’, seguida de ‘O Pulso’ e ‘Diversão’. ‘AA UU’ foi dedicada por Sérgio Britto ao filho de Marcelo Frommer, coautor da música, morto em 2001 vítima de atropelamento.

Depois de ‘Cabeça Dinossauro’, faixa-título do clássico disco de 1986, veio um set em que cada um dos três remanescentes da formação original apresentava um número solo. Começou com Tony Bellotto que agora se aventura nos vocais. Acompanhado apenas de sua guitarra, tocou a música ‘Isso’, que originalmente tinha o recém saído Paulo Miklos como vocalista. Branco Mello no Violão executou ‘Toda Cor’, do debut, de 1984 que levava o nome da banda. Já Sérgio Britto sentou-se ao piano e trouxe uma canção que não seja a ser obrigatória em shows, ‘Enquanto Houver Sol’.
Daí veio o formato trio, em que tocaram ‘Porque Eu Sei que é Amor’, do que, segundo Sérgio, é o disco mais execrado da banda (“Sacos Plásticos”, de 2009). “Nada mau para um fracasso”, retrucou Branco, em alusão ao sucesso que a música fez. Ainda em trio, apresentaram a clássica ‘Televisão’.

Com a volta dos dois músicos de apoio ao palco foram apresentadas as músicas inéditas, da ópera-rock que a banda prepara: a ambiciosa ’12 Flores Amarelas’, ‘Me Estuprem’ (que tem um quê de The Who) e ‘A Festa’. O trabalho, que será lançado esse ano, é ma colaboração dos Titãs com os dramaturgos Hugo Possolo e Marcelo Rubens Paiva.
Interessante também é a versão “titânica” (como bem disse Sérgio Britto) de ‘Pro Dia Nascer Feliz’, do Barão Vermelho. Bellotto voltou ao vocais em Pra Dizer Adeus, que dedicou à sua filha Nina. E procedeu o desfile de hits: ‘Epitáfio’, ‘Go Back’, ‘Marvin’, ‘Lugar Nenhum’ e ‘Homem Primata’. No bis veio ‘Polícia’ e ‘Bichos Escrotos’. À essa altura, ninguém mais estava sentado na cadeira. No Segundo bis, ‘Desordem’ e ‘Vossa Excelência’ encerraram a noite.

A nova formação dos Titãs (que já foram um octeto, agora um trio) conta com Beto Lee na guitarra, e funcionou satisfatoriamente. O filho de Rita Lee manteve a coesão obtida com o formato anterior em quarteto (com Paulo Miklos ainda presente) e forma um eficiente duo de guitarras com Bellotto. Mário Fabre mostra sua usual competência com as baquetas, que tem sido vista desde que entrou para o grupo, substituindo Charles Gavin. Branco Mello está ainda mais seguro no baixo, e Sérgio Britto se sai bem como multiinstrumentista (está acumulando teclado, baixo, além dos vocais).
Uma Noite no Teatro serve para azeitar a nova formação, consolidar a atual fase e preparar terreno para o novo disco e a turnê que se seguirá a ele. Certamente será um projeto bastante ambicioso. É bom saber que, apesar dos desfalques, os Titãs ainda fazem algum esforço para continuarem relevantes.

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