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Empiria traz olhar contemporâneo a música alternativa brasileira

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Conhecido por seu trabalho inovador ao misturar rock, samba, baião, jovem guarda e outros elementos musicais inusitados, a banda Empiria, lançou a pouco o EP “Caos e Calmaria” em todas as plataformas de streaming.

Formada em 2013 por Beto (Alberto Oliveira), Enderson e Danilo, a banda sempre atuou com a perspectiva de tocar/produzir som autoral. Dentre essas experiências que logo no início de 2013 formaram a princípio o Power Trio.

E assim seria até os dias atuais e em meio o processo final de gravação do EP – “Caos e Calmaria”. Recentemente (Jun/2021) a banda expandiu sua formação com o ingresso da Izzy para dividir as linhas de guitarra.

Talvez um tipo de “Psicodélico-Punk”, ora Rural-Rock-stoner, o lance é misturar sonoridades e um pouco disso pode ser visto/ouvido na primeira Parte do EP “Caos e Calmaria”. A ideia é lançar o álbum em dois momentos sendo a 2° parte inicialmente prevista para outubro/novembro deste ano, totalizando 8 faixas no total. Essa forma pouco objetividade trabalhar uma música de modo pragmático se encaixa no que os músicos denominam como a própria essência da Banda – A EMPIRIA enquanto uma cultura de tocar e se expressar independente de qualquer estereótipo pressuposto. Empirismo tem haver com a experiência e/ou a experimentação e nesse sentido a música é para grupo muito mais uma forma de expressão e lugar de fala do que uma habilidade técnica proveniente de um rigor musical metodológico.

Conversamos com a banda sobre sua trajetória, influências artísticas, processo de composição, planos futuros, entre outras curiosidades. Confira!

De onde surgiu o nome “Empiria”?

R: O nome surgiu sob a influência da vida universitária do Beto (formado em Ciências Sociais pela UFG/2012-2017), empiria significa o conhecimento obtido pela prática de modo não científico. Como o conhecimento do homem/mulher do campo por exemplo. A Empiria pode ser entendida ainda como uma percepção instintiva mais aguçada a partir do equilíbrio dos 5 sentidos. Como não somos músicos eruditos mas acreditamos na canção como forma de expressão, o nome veio como uma forma de falar daquilo que acreditamos. Ou seja, todo mundo pode fazer som…

Como e quando uma banda surgiu?

R: A banda de fato como é hoje surgiu em meados de 2013. Um pouco antes disso, em 2012, eu (Beto) tocava em pequenos projetos, dentre eles com o Enderson (baixo) e com o Danilo (Bateria) em separado… Quando iniciei minha vida acadêmica na UFG, algo que queria de fato era ter uma banda. Nesse sentido, em 2012 iniciei várias tentativas até que depois de um tempo juntamos os três (Beto, Enderson e Danilo) e começamos com o propósito de tocar músicas autorais.

A banda segue promovendo seu último lançamento,  o EP “Caos e Calmaria” . Como foi o processo de gravação desse material?

R: Depois de ficarmos num período de inatividade em 2019 voltamos a nos reunir com o propósito de gravar aquelas músicas que havíamos composto entre 2013 e 2014. Passamos um tempo ensaiando até que veio a pandemia e tivemos que ficar reclusos. Sempre em contato por meio das redes sociais e até reuniões online, fomos pro estúdio em março/2021. Com as devidas medidas de segurança em relação a pandemia, gravamos em sessões separadas… 1. Guias/ 2. Bateria/ 3. Contra Baixo/ 4. Guitarras/ 5. Vozes. Eu (Beto) acompanhei o processo de perto produzindo as faixas juntamente com o Produtor Ricardo Darín Leite (Estúdio Volt em Goiânia). A ideia era que as músicas ficassem o mais próximo possível de como as executamos. Talvez no caso de “Menina” tenha ficado um pouco mais “pesada” mas ficamos muito felizes com o resultado final.

O disco da banda foi muito bem aceito nos  sites de música especializada nacionais e internacionais. Como a banda está vendo esse feedback tão positivo do material lançado?

R: Ver a repercussão desde o lançamento nesses últimos 2 meses têm sido algo muito especial. Inicialmente o propósito era registrar aquilo que fazíamos de forma despretensiosa, (tocar em Goiânia) e com o processo de gravação, veio anseios mais altos como o de tocar em festivais pelo Brasil. Desde há alguns meses estamos ativos em coletivos de bandas da cena alternativa e estamos muito contentes por que temos a consciência de que conseguimos produzir um material que tanto nos agrada quanto tem sido elogiado por colegas de outras bandas.

Suas músicas demonstram muita intensidade e entrega por parte da banda. Existe alguma composição que seja mais especial para vocês?

R; Quando partimos para a gravação, em roda decidimos que cada um dos membros, Beto, Danilo e Enderson ( a Izzy entrou na banda em jun/2021 após as gravações) escolhesse uma música para ser gravada. Tínhamos 6 músicas preparadas e essas 3 foram escolhidas para esse primeiro momento de gravação. Em linhas gerais, “Há Insatisfação” que foi escolhida pelo Enderson é aquela que nos traz uma energia mais unânime porque tem todo o contexto sócio-político que estamos vivendo e essa canção trata disso de forma mais explícita. É o nosso grito de basta frente aos absurdos que estamos vivenciando.

Quais as bandas e fontes artísticas que inspiram o som do  Empiria?

R: Gostamos de sonoridades que ousam na mistura como os Mutantes por exemplo. Mas tendo o rock n roll sempre a maior ênfase e daí nomes como The Black Keys (EUA) e White Denim (EUA) nos soam como algo que buscamos, seja na forma de tocar seja na sonoridade timbrada que essas bandas trazem em suas canções; Mas temos ainda muita influência do rock nacional dos anos 80 e 90 como Legião Urbana, Barão Vermelho e tantos outros nomes do rock pop nacional principalmente no que se refere às letras.

De onde vem a ideia de misturar diversos gêneros musicais no som da banda?

R:O que acontece é que cada integrante sempre apresentou características diferentes sob o ponto de vista musical e estilo de tocar. O Enderson trazia mais o groove samba rock, o Danilo tem uma pegada de bateria rock n roll e eu (beto) sempre fui de certa forma indeciso em relação a gêneros musicais. Daí no início da banda ocorria que gostávamos de fazer versões/covers de bandas conhecidas mas sempre de forma a tocar de modo a misturar sons diferentes numa mesma música.

Podemos esperar mais material inédito em breve?

R: Sim, na verdade esse lançamento que fizemos é apenas a primeira parte do EP. Iremos lançar a segunda parte com mais 5 músicas até o final do ano. Aí completa o álbum. São músicas que estão compostas e logo logo entraremos em estúdio novamente para gravá-las.

Como vocês veem o impacto da pandemia e do desgoverno brasileiro em relação à cultura nacional?

R: Estamos vivendo um “Caos” literalmente. Para além da cultura, o bolsonarismo realmente tem dilacerado a vida do povo na medida em que não há uma gestão pública e isso se aplica a todas as áreas. Mas o pior de tudo é o aspecto conceitual ou no caso da desvalorização do conhecimento a que estamos sujeitos atualmente. A cultura é apenas mais um ambiente prejudicado por que são pessoas que não valorizam nada daquilo que pode ser uma alternativa para as quem quer queiram sair fora da caixa. É uma época de emburrecimento das pessoas. Você vai numa reunião de família e o tiozão que nunca leu um livro e passa o dia todo no “ZAP” se acha no direito de impor sua “opinião” sem qualquer tipo de respeito ou reconhecimento de que talvez você saiba mais sobre economia ou administração pública. Então podemos concluir que há em curso uma violência simbólica embutida nesses discursos moralistas. E a música alternativa ou no caso o rock autoral acaba para nós da Empiria um meio de termos nosso lugar de fala nesses dias tão sombrios.

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