Epik High supera público reduzido no Rio com muita energia e um setlist recheado de clássicos

“Nunca pensei em ver um show do Epik High na minha vida.” A frase da kpopper carioca Ana Carolina Dias foi a mesma que ecoou na minha cabeça em 2017, se você trocar Epik High por The Who. Empatia imediata. Afinal, a moça, fã de música coreana desde que PSY estourou com o hit mundial “Gangnam style” em 2012, estava ali no Vivo Rio no dia 4 de agosto de 2023 para presenciar um outro show épico: especial e fora da curva. 

Formado por Tablo (rapper e produtor), Mithra Jin (rapper) e DJ Tukutz, o Epik High fez uma apresentação enérgica e despojada. O setlist, como esperado, veio recheado de clássicos do trio, que tem como marca a combinação de diferentes estilos de hip hop a outros gêneros musicais. “Esta é uma grande noite. Ficará gravada para sempre na minha memória”, disse Tablo, líder do grupo, logo no início do show. Certamente, o mesmo sentimento de todos os presentes.

O Rio de Janeiro, geralmente, fica excluído da agenda de shows do cenário k-pop. Os grupos sul-coreanos normalmente levam suas apresentações para São Paulo, onde se concentra um grande número de admiradores do gênero musical e a cultura do país asiático é mais disseminada. Na semana anterior à chegada ao Rio, Tablo se comunicou com os fãs via Twitter e ficou surpreso por não haver tantos admiradores na cidade.

Mas em pouco mais de uma hora e vinte minutos, só com um mixer e muita presença de palco, o Epik High esbanjou simpatia e botou o Vivo Rio para pular e gritar, abafando qualquer vazio na platéia. A animada resposta do público, que ocupou um espaço reduzido da casa devido à baixa procura por ingressos, foi brindada com uma explicação do próprio Tablo. O rapper coreano contou que pediu à sua equipe de produção para incluir a passagem pelo Rio de Janeiro assim que foi confirmada a agenda sul-americana da “All time high tour”.

Epik High

“Estive no Rio há muito, muito tempo atrás, com outros amigos, de outro grupo, e me apaixonei pela cidade. Vocês são um povo maravilhoso. Prometi aos meus companheiros [do Epik High] trazê-los para tocar aqui na primeira oportunidade”, disse Tablo, um cara de palavra.

Tomara que essa veia de precursor abra caminho para mais shows de grupos sul-coreanos no Rio. O Epik High, que em 21 de outubro completará 20 anos de carreira, se apresenta pela primeira vez no continente. O grupo encerra suas apresentações no Brasil em São Paulo, neste domingo, dia 6, e depois passa pela Argentina, pelo Peru, Chile e México para fechar a turnê na América do Sul.

Clássicos e homenagem

setlist da noite de sexta no Vivo Rio trouxe o básico do repertório que o Epik High vem mostrando na excursão, iniciada na Ásia, no fim do ano passado, e que já passou pela Europa e América do Norte desde fevereiro de 2023. Mas também teve algumas novidades.

Apontada, em 2021, na lista das 50 melhores músicas do ano da revista norte-americana Rolling Stone, “Rosario” foi uma das canções que mais levantou o público presente. A faixa, originalmente com participação dos rappers sul-coreanos CL e Zico, integra a primeira parte do álbum “Epik High Is Here part 1”, e apareceu em 40º lugar do ranking da Rolling Stone como “uma música que se desvia da produção típica de k-pop, estabelecendo o padrão para os próximos artistas do gênero”.

A referência, na verdade, começou bem antes. “Fly”, lançada em 2006, é um clássico do grupo que também não pode ficar de fora dos shows. A música é constantemente apontada como fonte de inspiração para a realização dos sonhos de outros dois rappers sul-coreanos, Suga e RM, do mundialmente conhecido grupo de k-pop BTS. É o ponto de partida para uma  forte conexão entre Epik High e BTS, aliás. Não por menos, o líder Tablo incluiu no setlist, especialmente para a data, “Eternal sunshine”, conforme antecipou em seu perfil pessoal no Twitter. 

O rapper recebeu um convite de Suga – declinado por motivos óbvios – para uma participação nos shows que o membro do BTS realiza neste fim de semana, em Seul, encerrando sua primeira turnê solo e decidiu prestar uma homenagem ao coautor da canção. Foi a grande novidade da noite.

Uma outra parceria com membros do BTS também esteve no setlist. “All day” foi lançada em dezembro passado como uma das faixas do álbum “Indigo”, estréia oficial da carreira solo de RM. A música fechou uma sequência dançante – precedida por “Burj Kalifah” e “NO THANXXX” – e foi emendada pela suave “Rain song”, também do álbum “Epik High is here part 1”.

Epik High

Mais duas quase obrigações do repertório foram  “Born hater” e “Don’t hate me”. Muito aguardadas pelo público, as praticamente antagônicas fecharam o setlist principal. O trio – que prefere não ser rotulado como k-pop e se define como “três caras com microfones” – voltou ao palco para o bis com “Catch” e “Kill this love”, encerrando, definitivamente, a noite em grande estilo com “New beautiful”, dedicada por Tablo ao ‘so beautiful’ público carioca, com quem fez questão de fazer uma foto antes de deixar o palco.

Confira o setlist completo

1- Here
2- Prequel
3- Fly
4- Map the Soul
5- Eternal Sunshine
6- Rosario
7- Burj Khalifa
8- NO THANXXX
9- All Day (RM cover)
10- Rain Song
11- Love Love Love
12- One
13- Born hater
14- Don’t Hate Me

Bis
15- Catch
16- Kill This Love
17- New Beautiful

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