Festival Itinerante de Samba Indígena e Cultura Pataxó

Marujos Pataxó

A contribuição dos povos originários para o que consideramos brasileiro é muitas vezes invisibilizada. Isso ocorre na vida pública, na língua, nos costumes, na culinária, na medicina, na arte e na música. Propondo uma reconexão com nossas raízes e uma apresentação da cultura dos povos originários, é criado o Festival Itinerante de Samba Indígena e Cultura Pataxó, que acontecerá nos dias 29 e 30 de julho, na Aldeia Mirapé e na Reserva da Jaqueira, no sul da Bahia, com o patrocínio da Natura Musical.

Próximo a Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, o evento ocorrerá na Aldeia Mirapé. O festival contará com apresentações do samba de raiz, degustação da culinária indígena tradicional Pataxó, pintura corporal com grafismos, palestras sobre a história Pataxó, medicina natural, o samba indígena e a cultura Pataxó, além de uma feira de artesanato e produtos artesanais extrativistas produzidos pela comunidade.

Suprindo uma lacuna na história da MPB, o grupo Marujos Pataxó apresenta o samba indígena. Presentes na formação do gênero no sul da Bahia, as tradições percussivas e rítmicas seguem preservadas na Aldeia Mãe Barra Velha, no território Pataxó, onde o samba é um ritual sagrado no qual os indígenas expressam sua fé e cultura com originalidade, passando de geração em geração através de músicas que retratam a natureza e a vida no campo.

O território, que conta com o Parque Nacional do Monte Pascoal e fica tão perto de onde começou a invasão em 1500, foi o primeiro aldeamento do Brasil e já conta com 523 anos de resistência. Depois do trágico massacre ocorrido em 1951, houve uma diáspora do povo Pataxó por diversos pontos do país, que ainda enxergam aquela aldeia e região como parte de suas raízes.

Um retrato da resiliência e da força, a cultura do povo Pataxó segue firme apesar de massacres, dores e de mais de quinhentos anos de invasões sofridas. O preconceito é uma forma constante e invisível de repressão, experimentada por muitos, mas debatida por poucos. A repressão ativa e violenta inclui a queima de casas, invasão de terras e até assassinato de indígenas. Permanecer nas terras, apesar de décadas de repressão cultural, é um ato de resistência em nome das gerações passadas e futuras. Por isso, o resgate cultural que ocorre por meio da valorização da identidade indígena é tão importante.

O Marujos Pataxó lançará este ano um álbum com produção musical de Lenis Rino (Fernanda Takai, Matheus Aleluia, Tatá Aeroplano, Palavra Cantada) e masterização de Tejo Damasceno (BNegão e os Seletores de Frequência, Sabotage, Instituto), um documentário que apresenta a história do grupo, do gênero musical e do próprio povo Pataxó, um clipe, um remix assinado pelo Tropkillaz, oficinas de música e samba indígena para as crianças e feiras culturais mensais para trazer atenção para a arte dos povos originários.

O projeto visa reconhecer a influência indígena na criação do samba brasileiro, promovendo o samba indígena de raiz com os Marujos Pataxó. Além de fortalecer e divulgar essa forma musical única, busca melhorar a qualidade de vida na Aldeia através da arte, gerando emprego, renda e preservando a cultura tradicional Pataxó. A marujada indígena se apresenta para o país todo compartilhando a memória, a luta e a cultura dos ancestrais de forma sustentável e global.

O Festival Itinerante tem entrada gratuita e a Aldeia Mirajó fica localizada na Rua Antigo Cabralão Mirapé, R. do Telégrafo, em Porto Seguro.

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