“Eu já nasci de terno”, disse o próprio Leonard Cohen em sua biografia “I’m Your Man”. Essa brincadeira explicaria a sobriedade e refinamento que o caracterizaram em seus 82 anos de vida.
Cohen entrou para o mundo da música profissionalmente quando já tinha uma estabelecida carreira de escritor, com quatro livros publicados. Suas composições são essencialmente poemáticas, mais declamadas do que propriamente cantadas. Sua voz lúgubre era a marca registrada. Poucos souberam cantar o amor tão bem quanto ele. Suas composições comungavam o sagrado e o profano, tendo o religioso como metáfora da paixão e vice versa.
Era um galanteador por natureza. De fato, um homem que amava as mulheres, semelhante ao protagonista do filme de Truffaut. A política e reflexões existenciais também eram assuntos bastante recorrentes. também Em um 2016 em que perdemos David Bowie e Prince, a música sofreu mais um baque com a partida de Cohen, que faleceu no dia 7 de novembro, mas a notícia só foi divulgada no dia 10.
E, coincidentemente, assim como Bowie, havia acabar de lançar um ótimo disco, com um tom de despedida. Outra coincidência é que a morte de Cohen se deu alguns meses após à partida de Marianne, com quem teve um romance e, ao término, compôs da famosa canção ‘So Long Marianne’.
Em homenagem a esse grande artista, que também merecia o prêmio Nobel de literatura, como Bob Dylan, vamos lembrar 10 de seus grandes momentos.
Suzane
Bela canção lançada em 1967 em seu disco de estreia, “Songs of Leonard Cohen”. A música é inspirada em Suzanne Verdal, na época namorada do escultor Armand Vaillancourt. Eles nunca chegaram às vias de fato, segundo ela disse em entrevistas, mas existia um constante clima de flerte no ar. A apresentação abaixo foi na Ilha de Wight, em 1970.
Dance Me to the End of Love
Música lançada no album “Various Positions”, de 1984. Marca o retorno de Cohen depois de cinco anos afastado do estúdio, dedicando-se à escrita e ao estudo do budismo. É uma canção inspirada no holocausto.
Halleluija
Outra composição do álbum “Various Positions”. Pode ser considerada um de seus maiores sucessos, mas só ficou realmente famosa depois da regravação de John Cale. E ganhou várias versões ao longo desses 32 anos.
Ain’t No Cure For Love
Faixa do disco “I’m Your Man”, de 1988, quando Cohen é aclamado pela crítica e ganha seu status cult entre o público. É uma canção em que o romântico incorrigível chega à conclusão de que não há cura para o amor. Na letra e na voz de outro seria brega, mas com Cohen…
Democracy
Do álbum The Future, de 1992. Nesse há composições de cunho politico. Após à queda do muro de Berlim, Cohen refletiu sobre o que seria a chegada da democracia, e que ela não viria de forma festiva.
https://www.youtube.com/watch?v=vHI9BTpGkp8
Diamonds in the Mine
Do álbum Songs of Love and Hate, de 1971. É um exemplo da veia mais ácida e cínica da poesia de Cohen.
https://www.youtube.com/watch?v=p5vhN8eXgQY
Bird on the Wire
Música do álbum “Songs from a Room”, de 1969. A música começou a ser escrita na Grécia, terminou em Los Angels, com algumas linhas mudadas no Oregon.
https://www.youtube.com/watch?v=z0UwzE2LBlE
Closing Time
Do álbum “The Future”, que tinha canções de cunho político. Nessa ele abre espaço para o seu recorrente tema, as agruras e desventuras e belezas das relações amorosas.
Chelsea Hotel #2
A música, do álbum “New Skin For Old Cerimony”, de 1978 é uma celebração do sexo livre e sem amarras. A inspiração teria sido uma noite com Janis Joplin. Como um gentleman que é, se arrependeu da revelação. “Deselegante”, disse, certa vez, sobre sua declaração.
https://www.youtube.com/watch?v=H4P95cJ-XTc
Tower of Song
A bela e melancólica música fecha o álbum “I’m Your Man”. ‘Tower of Song’ também ganhou essa versão com participação do U2.
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