“Tambor e Beat” é o novo e primeiro disco de Jeff Moraes. Nesse registro o artista afroamazônida, que soma mais de 10 anos de carreira, busca revelar a Amazônia Preta e se conectar com a sua ancestralidade, misturando uma sonoridade pop com carimbó, marabaixo, merengue e outros ritmos típicos da região norte. A banda que o acompanha é composta pelos músicos convidados Douglas Dias (percussão), Loba Rodrigues (percussão), Ferpa (bateria) e Marcel Barreto (guitarra), também responsável por assinar a direção musical do álbum.
Logo na abertura, “COISA DE PELE” fala sobre afroafeto e ancestralidade. Em seguida “Menino Preto”, canção já reconhecida pelo público na versão da banda Zimba Groove, que Jeff Moraes comandou por quatro anos, ganha nova roupagem e se mantém atual. “Essa letra nasceu em meados de 2014 e 2015, fruto de uma parceria minha com a Roberta Brandão e o Pelé do Manifesto. Infelizmente, ela continua atual. Os índices de morte da juventude preta se mantêm. Além disso, o extermínio da população negra não acaba na morte. O extermínio continua naquela família que precisa provar a inocência do filho assassinado, na falta de políticas públicas, na ausência da saúde… Como inclusive acompanhamos agora na pandemia, onde o povo preto foi o que mais morreu”, destaca.
“LÁ PRA BEIRA” fala da feira do Ver-o-Peso, em Belém, das batucadas, da ocupação de artistas e trabalhadores. “Fala dessa feira que nunca dorme, na beira dessa maré que enche e seca”.
“IMENSIDÃO”, a quarta faixa do disco, aborda o afeto entre pessoas LGBTQIA+ como ato de resistência. “Surge a partir de uma violência que sofri. Um episódio de intolerância que vivi e aquilo que um dia foi trauma eu ressignifiquei em arte, que é assim que eu melhor me expresso”.
“TAMBOR E BEAT” vem do Tupi e significa pau oco. Nesse single, que dá nome ao disco, o percussionista precisa sentar no instrumento para tocar o tambor. Em seguida, o reggaton “DEIXA NO REPEAT” evoca sensualidade e de acordo com o cantor é para dançar agarradinho. Logo depois, “QUERENDO MAIS” tem pegada de carnaval, em um pop que mistura brega funk com vocabulário regional.
”MAIANDEUA” finaliza o álbum e traz uma parceria de letra com a cantora e atriz paraense, Naieme.“Essa foi composta sob a luz do luar, na ilha de Maiandeua. Um arquipélago da região que mantém o cotidiano tranquilo de pescadores e carimbozeiros”.
SOBRE JEFF MORAES
Jeff Moraes iniciou seus estudos na Fundação Curro Velho, em meados de 2007, onde também teve seu encontro com as artes cênicas. Formado no curso técnico de teatro da Escola de Teatro e dança da UFPA (ETDUFPA), aliou nos últimos 10 anos as duas paixões: a música e a interpretação.
No ano de 2017, protagonizou, ao lado de Nanna Reis, um episódio da websérie Sampleados que já alcançou mais de Um milhão e meio de visualizações no YouTube. Em 2018, adicionou mais uma faceta a sua versátil carreira, conduzindo na televisão o programa Sons do Pará, da TV Liberal. Em 2019, Jeff comandou o programa diretamente do Rock in Rio.
Jeff, durante sua carreira, esteve próximos de movimentos populares e culturais da cidade, como o Centro de Estudo do Negro na Amazônia (Cedempa), Batuque de São Brás, Batuque da Praça da República e o Movimento Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro.
Como ator realizou contação de histórias sobre mestres de carimbó no I Encontro Regional de Carimbó. Na região dE Salgado, desenvolveu como arte-educador oficinas de teatro em comunidades quilombolas do Marajó, apresentou performances e atuou em peças teatrais como “O Homem e o Cavalo”, dirigido por Paulo Santana.
Como cantor foi o frontman da banda Zimba Groove por três anos, além de cantar na noite de Belém. Gravou a canção Menino Preto, de sua autoria, em parceria com Pelé do Manifesto. A cantora Juliana Sinibú gravou uma composição de Jeff em seu último CD. Ao lado do Dj Proefx, a música Yabás tem conquistado o público.
A música negra, Amazônica e GLBTQI + são o caldeirão que Jeff mergulha para se influenciar. Nomes de paraense como Joãozinho Gomes e Nêgo Ray, além de nacionais como Gilberto Gil, Tim Maia, Mateus Aleluia, Afrocidade e Liniker não faltam em seu repertório.
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