Já se vão quatro anos desde o lançamento de Hard Candy, o que não parece muito tempo, mas o suficiente para uma boa sacudida na dança das cadeiras da cena pop. Em 29 de abril de 2008 Madonna reinava absoluta no Olimpo pop feminino: Beyoncé ainda tinha que comer um pouco de feijão com arroz (só lançaria seu trabalho mais inspirado I Am… Sasha Fierce no final daquele ano) e Britney Spears era apenas uma wannabe, e continua sendo. Pulamos para fevereiro de 2012: o trono de Madonna está seriamente ameaçado por uma também ítalo americana, também cria de Nova York (Madonna é de Michigan, mas se tornou Madonna na Big Apple) também loura falsa e também chegada em um escândalo. Stefani Joanne Angelina Germanotta, a Lady Gaga, iniciou sua escalada rumo ao topo logo após o fim da turnê Sticky & Sweet e em pouco tempo dominou os quatro cantos do planeta e se tornou a artista pop mais popular deste inicio de século XXI. Madonna chega então com artilharia pesada para mostrar que o trono não está vago. E bota pesada nisso. Primeiro um mega show no intervalo do Superbowl e pouco mais de um mês depois chega às lojas, depois de muita promoção e teasers na internet, o 12º disco de estúdio da cantora: MDNA.
No que tange à sonoridade, nada de novo ou surpreendente neste que é o seu primeiro trabalho lançado pela Live Nation, em parceria com a Interscope Records, e também o primeiro fora da Warner Music – sua gravadora desde a estreia. Madonna mantém a fórmula que tem seguido do álbum Music (de 2000) para cá: música para a pista, para se ouvir no aquecimento antes de sair e também nas aulas da academia de ginástica. Nenhuma economia na produção das faixas e menos ainda na contratação dos responsáveis. Sai o produtor mais quente do momento da semana passada Timbaland, que produzira o disco anterior e volta William Orbit, que assinou a produção do melhor trabalho da cantora, Ray of Light. A temática também não foge muito do usual: letras sobre diversão, relacionamentos e, claro, sexo. A primeira faixa, Girls Gone Wild indica qual o direcionamento musical do álbum, que segue de forma homogênea com Gang Bang , I’m Addicted e a grudenta Turn Up the Radio. A música escolhida para boi de piranha foi a quinta faixa, a juvenil (ou seria pueril?) Give Me All Your Loving, com referência às Cheerleaders, as animadoras de torcida dos eventos esportivos nos E.U.A. Não resta dúvidas de que foi propositalmente , alvejando a apresentação no Superbowl 2012. Como no disco anterior, o primeiro single traz jovens presenças do mundo pop, aquela velha obsessão do artista veterano em se manter up to date. Em 4 Minutes era Justin Timberlake , agora o suporte é dado pela aglo singalesa M.IA e a atual sensação do rap feminino Nick Minaj.
O disco fica mais interessante em seu “lado B”. A faixa 7, Superstar é a primeira realmente com cara de Madonna, mesmo sob nova roupagem. O desabafo I Don’t Give A também funciona a contento. Nick Minaj volta como convidada nessa música que é claramente sobre o casamento fracassado da Material Girl com o cineasta Guy Ritchie. I’m A Sinner é prima irmã de Beautiful Stranger, o tema de Austin Powers: O Agente Bond Cama e Love Spent repete sutilmente o Sampler de Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight) do Abba usado anteriormente pela cantora em Hung Up.
Longe do brilhantismo de Ray of Light e um nível acima de Hard Candy, MDNA certamente cumprirá a missão de trazer Madonna de volta ao topo, servir de base para a vindoura turnê e agradar aos súditos da rainha pop. Comercialmente o desempenho não está sendo dos mais animadores, depois de vender 350.000 cópias na primeira semana, o disco despencou na lista dos mais vendidos. Nada que uma Megaturnê não compense.
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