Gravado durante o lockdown, “McCartney III” mostra que, mesmo aos 78 anos, o músico ainda é relevante para o pop/rock da atualidade
Paul McCartney não para. Deixar o ex-beatle “sem ter o que fazer” e tendo um estúdio por perto sempre termina do mesmo jeito: um álbum novo nesta sexta-feira (18).
Desta vez, Macca nos oferece mais um disco totalmente solo. “McCartney III” (link para compra na Amazon UK), que chega 50 anos depois do primeiro volume e 40 anos após os experimentos com sintetizadores de McCartney II.
Beatles, Wings e lockdown
Se o primeiro “McCartney” será sempre lembrado por marcar o fim dos Beatles, e se “McCartney II” marcou o fim do Wings (grupo que formou nos anos 1970), “McCartney III” teve como impulsionamento o “rockdown” (lockdown do rock).
Gravando (quase) todos os instrumentos, vocais e se auto produzindo, Paul McCartney deve conseguir as melhores críticas dentre os três discos solo, mesmo não contendo nenhuma “Maybe I’m Amazed” ou “Coming Up”.
Ou seja, “McCartney III”, vai confirmar o que todos já sabemos: que 2020 é/foi mesmo um ano muito estranho.
Ouça várias vezes
O novo álbum do ex-beatle é daqueles que precisam de várias audições para que possamos tirar alguma conclusão sobre ele. Felizmente, o resultado final é bastante satisfatório.
Pode não ser o melhor da longa carreira do músico, mas querer um novo “Band on the Run” a essa altura do campeonato não é justo.
O disco, que deveria ter sido lançado no início de dezembro, mas precisou ser adiado por conta de problemas na produção dos CDs e LPs, acabou vazando e permitindo uma crítica bem mais consistente.
Algumas canções nos capturam imediatamente — Pretty Boys, Deep Deep Feeling, Lavatory Lil e Winter Birds/When Winter Comes — enquanto outras viram favoritas depois de algumas audições — Find My Way e Slidin.
Muita gente vai tentar encontrar semelhanças entre as novas canções e alguma outra do passado de McCartney. Não tente! Elas são “novas” em quase todos os sentidos, mas é óbvio que, para os ouvidos de quem quer encontrar tais semelhanças, elas existirão.
You know that deep, deep feeling
When you love someone so much, you feel your heart’s gonna burst
The feeling goes from best to worst
You feel your heart is gonna burstHere in my heart, I feel a deep devotion
It almost hurts, it’s such a deep emotionNow every time it rains, it sometimes gets too much
You know I feel the pain when I feel your loving touch
Emotion burns an ocean of love
You’ve got that hot emotion, burns an ocean of love
Muitos riffs e bons vocais
“McCartney III’ traz um McCartney mais guitarrista. São muitos os riffs de guitarra e violão espalhados pelo álbum. Como Macca era originalmente (e nunca deixou de ser) um guitarrista (ouça os solos de Taxman, Helter Skelter ou Sgt. Pepper’s) não é surpresa que ele solte esse seu lado ao se ver sem ninguém para passar a responsabilidade.
Outro ponto positivo do novo álbum é que Macca parece ter encontrado uma área confortável para os seus vocais.
A voz, aos 78 anos, já não tem a potência e a amplitude encontradas décadas atrás e que pareceu forçada demais em vários momentos dos últimos álbuns (New e Egypt Station). “Deep Deep Feeling” é, talvez, o melhor exemplo de como Macca ainda pode cantar bem.
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Faixas extras espalhadas em várias versões
O novo álbum, na sua versão “normal, vem com 11 faixas. Porém, há quatro faixas extras espalhadas por várias versões do disco e que podem ser encontradas no site do artista.
Mas, quem quiser tudo em um só lugar, deve procurar pela versão japonesa do “McCartney III” que trará todas as faixas extras.
McCartney III no Rio de Janeiro
Para promover o lançamento do álbum, Paul McCartney decidiu colocar em 12 cidades ao redor do mundo murais com a partitura de uma das canções do disco, além da natalina “Wonderful Xmastime”.
Uma dessas cidades é o Rio de Janeiro — as outras são Los Angeles, Cidade do México, Sydney, Toronto, Berlim, Nova York, Tóquio, Chicago, Paris e Liverpool — que ganhou uma versão da bela “Winter Bird/When Winter Comes”, interpretada pelo trio Merlin.
Pelo jeito, o caso de amor entre Paul e o Brasil continua quente.