Didier Guigue por Tarlazza Messina.Didier Guigue tem uma carreira que sempre seguiu os caminhos complementares e entrelaçados do ensino da história e estética das músicas contemporâneas (foi Professor Titular no Departamento de Música da UFPB), da pesquisa em musicologia, com ênfase nas práticas dos séculos XX e XXI (é Pesquisador no CNPq desde 1997) e da prática, tanto como compositor quanto como performer. Quando fagotista da Orquestra Sinfônica da Paraíba, criou com colegas o coletivo experimental Uvulas Ardientes, seu primeiro projeto autoral no Brasil, ainda nos anos 1980. Com o projeto, rodou o eixo do Brasil, chamando atenção da imprensa do Rio e São Paulo.
Depois disso, dedicou-se a compor essencialmente música eletrônica, em várias das suas vertentes, trabalhos registrados em álbuns que podem ser ouvidos no seu bandcamp. É membro do Artesanato Furioso, coletivo de práticas experimentais sediado na UFPB, no qual ele conecta computer music com performance e improvisação. Também tem produzido para/ou com vídeo, dança e teatro.
“Tudo Mentira” é o primeiro single do seu novo álbum “É Tudo Verdade“, parte das comemorações dos seus 40 anos de imigração no Brasil, a ser lançado pela Hominis Canidae em Maio deste ano, quando aniversaria sua chegada. “O álbum procura mostrar aspectos da sua produção do campo da música geralmente definida como eletrônica/tecno, porém privilegiando uma estética que gosta de absorver aspectos do rock prog ou da música (assim chamada) erudita. O álbum irá incluir músicas novas especificamente realizadas para a ocasião, em parceria com vários artistas, e releituras de músicas antigas”, explica Didier.
É tudo verdade, é tudo mentira? Didier Guigue nunca se acomodou em nichos convencionais, tanto na sua atividade acadêmica quanto na sua vida privada, gerando não poucas vezes perplexidades, dúvidas, surpresas. Não por acaso, portanto, “Tudo Mentira” é o primeiro single de um álbum a se chamar “É tudo verdade”, num mundo onde até as mais seguras certezas científicas estão sendo postas imbecilmente em questão. A música tem sua origem no projeto 30dias30beats de 2021.
Para sua versão visual, conta com um clipe feito pelo videomaker e músico Riegulate, a partir de tomadas realizadas pelo próprio compositor com a participação das artistas Tarlazza Messina, Helayne Cristini e Katiusca Lamara, a maior parte ambientadas numa instalação do artista plástico Serge Huot. “Todo o processo foi bem natural no sentido de que eu queria que fosse uma coisa bem fluida entre a vivência do Didier com a Tarlazza, tanto que as gravações foram feitas com celular dele. A gente quis mostrar um pouco dessa coisa do o que é verdade e o que é mentira. É tudo verdade na verdade, né? Mesmo nesse mundo tecnológico e no clipe tem bastante coisa que não é verdade. Tem manipulação de imagem através de inteligência artificial. A gente usou um efeito chamado Ghost ou Eco, ideia do João Júnior, que me ajudou a editar e montar o clipe, que são tipo projeções de imagens em tempos acelerados e atrasados da imagem que mostramos. Então você vê que é verdade, mas não a verdade do presente. É uma verdade atemporal. Foi muito legal essa troca com o João Júnior, a Tarlazza, grande artista com essa performance incrível Também gostei da mistura de instrumento orgânico com as alfaias e não orgânico orgânico que seria a música eletrônica do Didier”, explica Riegulate.
Ficha técnica do single:
Composição, produção: Didier Guigue
Voz: Tarlazza Messina
Masterização: Estúdio Peixe Boi (Marcelo Macedo)
Arte da Capa: Didier Guigue & Rieg Rodig
Ficha técnica do clipe:
Direção: Rieg Rodig
Captação de Imagens: Didier Guigue
Montagem/edição: João Jr.
Participação especial: Tarlazza Messina
Alfaias: Helayne Cristini, Katiusca Lamara
Instalação “A Gramática do Silêncio”: Serge Huot no Casarão 34 (João Pessoa).