Após 3 anos de dedicação, chega ao público o projeto de Rachel Cossermelli, Fractal Feminino Vol. 1: Dolores Duran’, que surge como um feixe de luz trazendo à tona a essência e o legado de compositoras esquecidas no século XX.
Concebido de forma independente, com apoio de financiamento coletivo e do seu próprio trabalho como backing vocal, o projeto mantém o foco na riqueza das palavras, em uma produção musical que combina instrumentação e arranjos contemporâneos, permitindo espaço para a expressão dos músicos e uma colaboração coordenada.
A inspiração para este disco nasceu da observação de Rachel durante sua graduação, quando percebeu a carência de informações sobre a presença feminina na música desse período. Mergulhando na obra de Dolores Duran, muitas vezes negligenciada em favor de seus parceiros musicais masculinos, a artista sentiu o chamado para resgatar sua voz e composições.
“O disco conta com canções que Dolores escreveu e que não tenham necessariamente ficado famosas na voz dela. Assim, é muito importante frisar que esse trabalho visa a reconexão do público”, conta Rachel.
O álbum segue uma narrativa de onda, falando sobre um relacionamento por meio da organização das faixas. Dessa forma, o disco abre com “Falsos Amigos”, uma canção que fala sobre uma pessoa em um relacionamento apaixonado, mas que não tem o apoio dos amigos. Na sequência, “Por Causa de Você” chega como uma balada mais leve que fala sobre saudade e distância. A terceira canção, “Olha O Tempo Passando” diz muito sobre ver o tempo passar num caminho sem volta. “Se É Por Falta de Adeus” já encaminha a narrativa para um término, onde o desabafo acontece. Por fim, “Fim de Caso” coloca o ponto final nessa história, finalizando o disco com “Estrada do Sol”, que fala sobre novos caminhos e um amanhecer depois da tempestade.
Mari Merenda é a participação ao lado de Rachel em “Estrada do Sol”, Loreta Colucci participa de “Falsos Amigos”, Zi Vasconcellos chega para “Fim de Caso” e, finalizando, Tamiris Silveira é quem toca o piano tanto em “Estrada do Sol” como também em “Olha o Tempo Passando”. Todas as artistas estudaram juntas na faculdade de música, reforçando a parceria e a conexão entre elas.
“A Mari sempre esteve na minha mente nos três anos que eu tento fazer esse disco acontecer, ela tem uma musicalidade única. Já Loreta, a maneira que ela atua em cima das letras da Dolores foi uma coisa linda de se ver no estúdio. A Zi, amiga querida que acompanha esse projeto desde o começo, trouxe o arranjo das vozes de “Fim de Caso” junto comigo, e a Tamiris é a melhor pianista que eu conheço”, diz.
A capa do álbum foi concebida pela própria Rachel como uma representação visual do conceito de fractal presente no título do projeto. A imagem representa uma fusão entre o rosto da artista e o de Dolores Duran, simbolizando a continuidade e interconexão entre as mulheres que moldaram a história da música brasileira. Assim, as linhas que se entrelaçam nos rostos das duas refletem a influência e inspiração. “Foi a maneira que encontrei de ilustrar como Dolores que foi tão importante na minha formação como cantora e pesquisadora”, finaliza
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