A Marina da Glória, no Rio de Janeiro, está recebendo o festival Rock Brasil 40 Anos desde quarta-feira (20), que celebra as quatro décadas da geração roqueira dos anos 80 (conhecida também como BRock). Além de ser uma interessante alternativa ao carnaval fora de época que acontece na cidade, o evento pode ser encarado também como uma versão brasileira do Desert Trip (que reuniu os principais veteranos do rock internacional no mesmo deserto da Califórnia onde ocorre o Coachella).
O primeiro dia foi marcado pelos “ex”. Com exceção de Marina Lima, todos são ex-integrantes de alguma grande banda, inclusive que estão no line-up do festival.
Arnaldo Antunes passeia pelas diferentes fases da carreira
O ex-Titã Arnaldo Antunes abriu os trabalhos percorrendo diferentes fases de sua carreira. Seu último disco com os Titãs foi “Tudo Ao Mesmo Tempo Agora”, de 1991, e desde então ergueu uma sólida e respeitável carreira solo. A apresentação trouxe música nova, como a faixa-título do álbum mais recente, “O Real Resiste”, e canção do primeiro álbum solo, de 1995, a faixa ‘Alegria’, e outros sucessos como ‘Consumado’ e ‘Essa Mulher’. Também houve ‘Passe Em Casa’, música dos Tribalistas, o mais que bem sucedido projeto com Carlinhos Brown e Marisa Monte. Dos Titãs estavam no setlist ‘O Pulso’, ‘Comida’ com uma levada mais funkeada, e ‘Televisão’, que encerrou o show.
Marina Lima joga seguro com hits
Era a “estranha no ninho” da noite. Marina Lima era a única a se apresentar na noite de quarta-feira que não era ex-integrante de alguma banda dos anos 80, além de ser mais associada à MPB (da ala pop) do que ao rock. Abrindo sua apresentação com ‘Rio Eu Gosto de Você’, a cantora emendou ‘Acontecimentos’ e ‘Criança’, ambas do álbum de 1991, que levava apenas seu nome. A música do último trabalho (o EP “Motim”) ‘Kilimanjaro’ foi dedicada “ao cara que está no poder”. Houve set acústico com ‘Motim’, outra do novo disco, e o sucesso ‘Pessoa’. As obrigatórias ‘Virgem’, ‘À Francesa’, ‘Fugaz’ não faltaram, assim como ‘Uma Noite e 1/2’, que encerrou a apresentação.
Nando Reis eleva o clima ‘light FM’
O outro ex-Titã da noite, Nando Reis pegou a rebarba de Marina Lima dando coesão ao segmento light FM da noite. Iniciou a apresentação com ‘Sou Dela’ e sem seguida já atacou com uma dos Titãs, ‘Marvin’ e sua mais bem-sucedida canção escrita para Cássia Eller, ‘Segundo Sol’.
Ao ouvir gritos de Fora Bolsonaro disse: “tem certas coisa que adotei em minha vida, uma delas é não falar o nome do demônio”, antes de iniciar ‘Relicário’.
Em um momento “nepotismo” chamou a banda de seu filho Sebastião Reis, que tocou um cover de ‘Dona’, de Sá & Guarabyra, mas que fez sucesso definitivo na versão do Roupa Nova. Dos Titãs teve também ‘Aonde Você Mora’ e ‘Os Cegos do Castelo’. Outra música feita para Cássia Eller, ‘All Star’, também marcou presença. ‘Por Onde Andei’ teve estrofes inteiras cantadas pela plateia e ‘Do Seu Lado’ fechou o show.
Frejat e a eficácia contumaz
Ainda é difícil dissociar Frejat do Barão Vermelho. E ele sabe bem disso. Daí, seus shows mesclam, com eficácia contumaz, sucessos de sua ex-banda, êxitos da carreira solo e algumas parcerias com Cazuza, que continuou parceiro de composição mesmo depois de abandonar o Barão. Daí o show se iniciou com uma trinca de sucessos da banda que teve Frejat à frente: ‘Puro Êxtase’, ‘Pense e Dance’ e ‘Pedra Flor Espinho’. ‘Ideologia’, ‘Codinome Beija-Flor’ e ‘Exagerado’ representaram Cazuza na noite, que ainda teve cover de ‘Me Dê Motivo‘ de Tim Maia, definida por Frejat como um Blues bem brasileiro. Em um set que privilegiou o Barão e Cazuza, constaram três da carreira solo: ‘Segredos’, ‘Homem Não Chora’ e ‘Amor Pra Recomeçar’. O encerramento, como de praxe, inclusive nos shows do Barão até hoje, foi com ‘Pro Dia Nascer Feliz’. Algo sugestivo, já que passavam das três da manhã.
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