Não foi muito longe da Jeunesse Arena, onde o Slipknot realizou seu show no Rio de Janeiro na noite de anteontem (quinta-feira, 15), que a banda de metal mascarada se consagrou junto ao grande público no Brasil. Em 2011 no Rock In Rio, quando o festival ainda era realizado no Parque dos Atletas – agora acontece no Parque Olímpico logo ao lado da arena -, a trupe roubou a cena do Metallica na noite do metal com uma performance pesada, ousada, mostrando que o gênero não estava morto e ainda tinha capacidade de se fazer temido.
Agora, ainda mais estabelecido como um dos maiores nomes do rock pesado contemporâneo, o Slipknot chega ao Brasil para seu próprio festival, o Knotfest, que acontece em São Paulo dia 16. Antes, deu uma passada pelo Rio junto com os ingleses do Bring Me The Horizon, outra atração Knotfest, para não deixar os cariocas a verem navios (ao contrário de vários nomes do gênero que ultimamente têm ignorado a Cidade Maravilhosa). E como previsto, estremeceram as estruturas.
Abertura da festa com muita empolgação da plateia e entrega de vocalista
O show do Bring Me The Horizon se deu, obviamente, com um público ainda reduzido, já que muitos ainda entravam na arena e outros se dirigiam ao local. Ainda assim, os fãs que lá já estavam eram numerosos e bastante animados. O BTH entrou no palco pontualmente às 20h30 e encantaram a plateia com seu rock que mistura metal, emo, um certo lirismo, tudo orquestrado pelo vocalista Oliver Sykes, que se dirigiu ao público em português o tempo todo e até falando alguns palavrões, arrancando gargalhadas.
‘Can You Feel My Heart’ abriu a apresentação, e o público do gargarejo não parou de vibrar um minuto ao som de ‘Happy Song’, ‘MANTRA’, ‘Shadow Moses’, ‘Kingslayer’.
O peso e o caos que definem o show do Slipknot
Desde o Rock In Rio de 2015 os cariocas não viam um show do Slipknot. e a noite de ontem foi a oportunidade de matar a saudade. Ao som de ‘For Those About to Rock (We Salute You)’ do AC/DC no sistema de som, as luzes da arena começaram a se apagar, e logo após ‘Get Behind Me Satan and Push’, de Billie Joe Spears, a cortina que estampava o nome da banda caiu e os trabalhos se iniciaram com o chumbo grosso ‘Disasterpiece’, do álbum “Iowa”, de 2001.
Com 23 anos de carreira, os comandantes do show seguem bem entrosados. Corey Taylor (vocais), Mick Thomson (guitarra), Jim Root (guitarra), Alessandro Venturella (que entrou em 2014 como baixista e agora assume os teclados) Sid Wilson (teclado) e Jay Weinberg (fazendo um competente trabalho na bateria desde 2014, substituindo Joey Jordison) se aperfeiçoam cada vez mais como showmen, fazendo algo que remete ao Kiss em seu auge – desde a associação imediata com as máscaras até a pirotecnia no palco.
Os shows da banda se constituem como um circo dos horrores, uma espécie de Cirque du Soleil saído de um pesadelo. O palco inclui duas plataformas nas extremidades, em cada uma se posiciona um palhaço macabro, a dupla de percussionistas Shawn “Clown” Crahan e Michael Pfaff. Eles roubam a cena do show com performances aleatórias, que no Rock In Rio de 2011 incluíam até mosh na plateia, o que não ocorreu anteontem. Ao fundo, um telão e uma estrutura de palco quase toda revestida de telas de LED. Wilson em alguns momentos deixa os teclados para fazer um mise-en-scène, trajando um manto e capuz e segurando uma cabeça decepada. A combinação de peso sonoro e caos é o que define a proposta do octeto americano formado em Iowa.
O Slipknot lançou um novo álbum em 2022, “The End, So Far”, mas, desse trabalho, apenas uma música apareceu no setlist, ‘The Dying Song (Time to Sing)’. Do disco anterior, “We Are Not Your Kind”, de 2019, constaram duas: ‘All Out Life’ e ‘Unsainted’ . E dentro do previsto, clássicos como ‘Before I Forget’, ‘Dead Memories’, ‘Psychosocial’ e ‘Duality’ que brilharam, agitando a animada massa metalhead na Jeunesse, com as rodas de pogo ganhando mais adeptos.
Bastante à vontade, Taylor se referia à comunidade de fãs como família. Quando perguntou para a plateia quem já esteve em um show do Slipknot e quem estava tendo a experiência pela primeira vez, surpreendentemente um número bastante numeroso do segundo grupo levantou a mão.
Rasgando-se em elogios o vocalista disse que conta a todas as bandas que elas têm que vir ao Brasil porque o público é apaixonado. Disso os fãs de metal podem se orgulhar, já que é um público mais preocupado com sentir o show do que em filmar com o celular. E aqueles que entraram através desse show na família Slipknot (outra similaridade com o Kiss que possui o Kiss Army) já se sentiram bastante acolhidos.
Em 2022, o Slipknot pode não representar mais a inovação. Hoje eles já se tornaram o status quo. Porém, isso não tira o mérito dos shows, que continuam constando no seleto grupo dos que fazem as melhores apresentações no gênero.
Setlist
- Disasterpiece
- Wait and Bleed
- All Out Life
- Sulfur
- Before I Forget
- The Dying Song (Time to Sing)
- Dead Memories
- Unsainted
- The Heretic Anthem
- Psychosocial
- Duality hit
- Custer
- Spit It Out
Bis:
14. People = Shit
15. Surfacing
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