O mundo é muito mais divertido quando é representado por sua cultura pop. Que o diga o Japão, a Coreia, a Inglaterra e, é claro, os EUA. A MTV é talvez um dos principais arautos dessa verdade, e sua premiação anualmente se coloca como um termômetro de sua música pop (muitas vezes descartáveis, mas intensamente sedutoras).
O VMA 2014 fez valer sua fama de ser a premiação, junto com o Grammy, mais relevante do mundo, em termos de repercussão. E esse ano o show estava inspirado, com um cenário ainda mais deslumbrante (inclusive tecnicamente) que no ano passado. E a iluminação – da equipe que faz a luz do Superbowl – impecável. Também superior ao ano passado, as atrações foram acima da média, com exceção para a apatia dos pirralhos do 5 Seconds to Summer e a cafonice berrante de Iggy Azalea, em apresentação com Rita Ora. Ariana Grande tem potencial, mais ainda peca pela previsibilidade. Taylor Swift, mais uma vez, provou que saber fazer números para TV, Sam Smith convenceu em seu intimismo e Nicki Minaj (que teve um contratempo no palco com seu vestido) divertiu com sua piada pronta chamada “Anaconda”.
E teve Beyoncé. Seu esperado número valeu a expectativa. Ao apresentar todas as músicas de seu último CD homônimo, abusou dos efeitos visuais (algo já observado na última turnê “On The Run” com o onipresente marido Jay Z), e segurou bem o desafio. A habilidade com que alinhavou os diferentes números, com ousadia nas coreografias e apropriação de referências conhecidas (de Crazy Horse a Broadway) demonstraram que a briga pelo trono pop feminino com Madonna só tem a nos divertir. O final, como sempre, foi anticlimático, um problema recorrente nas últimas apresentações da cantora (como não lembrar do Supebowl?), mas o todo foi bem acima da média.
Os prêmios consagraram Ariana Grande (com o enérgico “Problem“), Katty Perry (“Dark Horse“, arremedo infantilizado de “Remember the Time“, clássico de Michael Jackson) e Miley Cyrus com seu badaladíssimo (e sim, eficiente) “Wrecking Ball“, ganhando o prêmio principal da noite, o Clipe do Ano. Vale ressaltar que o clipe do hit “Chandelier“, da cantora Sia, era o merecedor do título, pela qualidade quase desconcertante do vídeo.
Mas a noite foi de Beyoncé e sua representatividade do mundo pop, que diz muito sobre o gigantismo da indústria americana, mesmo em tempos de crise fonográfica. É com alegorias como essas que os americanos fazem de sua cultura, e seus dólares, o motor principal de sua economia. E a gente adora…
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