Foi um muro que se levantou e acabou com a parceria mais produtiva da música desde Paul McCartney e John Lennon. Estamos falando, claro, de Roger Waters e David Gilmour, os dois mentores por trás do que muitos acreditam ser a banda de rock (progressivo ou não) mais bem sucedida da história. Com as vendas de seus principais discos somadas o Pink Floyd ultrapassa, de longe, qualquer outra banda de rock. Mas não é sobre vendas que este artigo fala e sim sobre mais uma daquelas reuniões de emocionar qualquer um.
Desde 2010 Roger Waters tem levado ao mundo sua The Wall Live Tour. Ela é histórica por uma série de motivos, a começar pela constatação de que o próprio Pink Floyd, quando fez esta turnê em 1980 e 1981 tomou o maior prejuízo de sua carreira com a produção exageradamente cara para a época. Tocando em algumas cidades chave da Europa e dos Estados Unidos a turnê teve pouquíssimos shows e precisou ser parada ou todos acabariam sem um centavo. Hoje, com uma estrutura tecnológica mais plausível, reciclável e de fácil transporte (além do público altamente multiplicado nestes 30 anos) a turnê de Waters é um sucesso estrondoso.
Waters convidou Gilmour para participar dos shows mas este acabou recusando por simplesmente querer ficar na calmaria de sua residência com a família. Após anos de drogas, bebedeira e muita psicodelia Gilmour quer um pouco de sossego. Parece bizarro que eles tenham um contato tão amigável assim, mas desde 2005, quando ocorreu o lendário Live 8 nas principais cidades do mundo, a reunião histórica do Pink Floyd não mobilizou e emocionou multidões como também pôs fim à richa que eles carregaram por anos consigo.
Gilmour levou também o baterista Nick Mason para participar do show. Mason já havia resolvido as diferenças com Waters muito antes do Live 8 e até chegou a tocar com o amigo em outras ocasiões. Desta vez ele não usou as baquetas mas sim a voz, junto de Gilmour, na conclusão do show em Outside the Wall cantada por todos com muita emoção. E quer um momento ainda mais histórico? Gilmour dividiu com Waters a representação ao vivo da maior colaboração da dupla: Comfortably Numb arrancou lágrimas de todos os presentes.
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Existe uma grande simbologia por trás deste encontro. Ao tocarem juntos Outside the Wall com o muro todo derrubado o trio mostrou que a divisória de egos que existia em seus corações foi embora. Agora eles são um só de novo, não como uma banda de shows, mas com os laços da magia que o Pink Floyd criou com sua música. Waters continuará a turnê, claro, e ela deve passar pelo Brasil e outros países da América do Sul em 2012.
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Gilmour adorou o encontro, bem como Mason. Entretanto esta deve ser, de fato, a última vez que eles pisam num palco juntos. Todos estão querendo curtir o que lhes sobrou da vida com o (muito) dinheiro que têm. Waters ainda quer passar sua mensagem com The Wall, sua obra máxima. Mesmo que não encontrem de novo, a vida realmente é feita de momentos. Syd Barrett ficaria orgulhoso.
É de arrepiar Morcelli!