O livro Caderno de entomologia escrito pelo autor colombiano Humberto Ballesteros compara as características comportamentais dos humanos com a dos insetos em dez contos.
Pegando o que a entomologia estuda, com suas diversas aplicações, incluindo a investigação de crimes. Sensações como pavor ou encanto e emalguma medida, somos parecidos com eles. Não fabricamos mel como as abelhas, mas nos organizamos numa sociedade de operárias e rainhas; não somos tão encantadores como um vaga-lume, mas somos capazes de ser ternos, amáveis.
Essas contradições forjam os dez contos desse livro que a editora Moinhos publicou. Cada um deles remete a um inseto, que corporifica nossas idiossincrasias. Uma libélula pairando sobre as águas da ambição, uma mariposa antecedendo a mudança, um vaga-lume e a luminescência do deslocamento, um louva-deus prestes a decepar a cabeça de seu inimigo, uma borboleta perseguida com obstinação e até uma barata assombrando os sonhos de uma poeta em sua clausura. Os insetos brotam, rondam e escondem-se. Confundem-se, ora em metamorfoses (como em Kafka), ora em confusão e delírio (como em Orwell), e nesse trânsito Ballesteros constrói com introspecção e beleza um retrato de quem somos.
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