[o artigo contém spoilers]
Após meses de incertezas com Batman R.I.P. e Crise Final, finalmente ambas sagas foram concluídas por Grant Morrison, deixando uma pergunta no ar: Será que o Cavaleiro das Trevas nunca terá um merecido descanso?
Sinceramente desejo que não, principalmente com Morrison mexendo os pauzinhos para termos as melhores histórias do Morcego desde que Alan Moore despedaçou nossa visão do herói em A Piada Mortal. Recaptulando, primeiro tivemos conhecimento de Damian Wayne, o filho secreto entre Bruce e Talia Al Ghul, depois fomos reapresentados aos “Batmans” de todo mundo no “Clube dos Heróis” e a “Luva Negra”, um prelúdio para Batman R.I.P.
E então veio Batman R.I.P. e a destruição mental do Batman como ninguém poderia esperar, o escritor uniu os mais diversos conceitos obscuros do personagens antes da reformulação na década de 70 (Zur-En-Arrh, por exemplo), misturou com uma trama aterradora envolvendo o passado da família Wayne, “Clube dos Vilões”, Coringa Luva Negra… no final restou somente um Batman perdido sem ter sido derrotado. E quando todos pensaram que Morrison havia parado por ai, Crise Final pega todo mundo de surpresa…
Como Morrison explicou numa entrevista que traduzimos, sua intenção nunca foi matar o Homem-Morcego, mas como Dan DiDio (editor chefe da DC Comics) lhe pediu que o fizesse, ele fez tudo de sua maneira. Em Crise Final: Batman é aprisionado por Darkseid na edição dois, enquanto Superman havia desaparecido após a destruição do Planeta Diário, na edição três o Homem de Aço sai da nossa realidade para tentar salvar a vida de Lois Lane, deixando o mundo sem seu principal defensor. Saltamos no tempo para Crise Final número seis, Batman escapa do controle de Darkseid e confronta sozinho o deus do mal.
Neste momento Morrison realiza com soberba modéstia a maior façanha que eu já vi nos quadrinhos.
“Para mim, a raiz do mito do Batman é a arma e a bala que criaram o Batman. Portanto, Batman finalmente está lá para completar o grande ciclo mítico e, ter a imagem do Batman contra a personificação do mal e agora é ele quem possui a arma e a bala. Parecer funcionar para mim.”
Batman após atirar em Darkseid recebe a “Sanção Ômega” sem demonstrar qualquer surpresa ou arrependimento. A sexta edição de Crise Final termina com uma homenagem a Crise nas Infinitas Terras, Superman segura o corpo de Batman em seus braços da mesma maneira que o Superman pré-Crise fez com a Supergirl original. Já no último número de Crise Final temos a redenção do Superman após abandonar seus amigos no momento mais difícil e um epílogo, confira abaixo.
Claro que Batman está vivo, como explicado pelo Felipe Morcelli, a “Sanção Ômega” aprisiona a alma atingida numa eternidade de vidas e mortes paralelas, um ciclo eterno que somente o Sr. Milagre conseguiu escapar até o presente momento. É agora que as coisas começam a ficar interessantes, ao meu ver tudo que Morrison em Batman R.I.P. desligou Bruce Wayne de todo elenco coadjuvante da série e em Crise Final da cronologia DC Comics…
Batman agora está livre para viver seu Ano Um, suas próprias Mil e Uma Noites pelas mais diversas realidades e situações inimagináveis que somente Morrison pode propor, qual melhor maneira de comemorar 70 anos do personagem do que lhe dando completa restruturação. Neste momento Batman está livre para viver todas histórias do “Tunel do Tempo” (Elseworld), dos desenhos animados e mesmo de grandes obras como O Cavaleiro das Trevas – que agora poderiam se tornar cronologicamente viáveis já que o personagem vive outras vidas. Imaginem só uma revista Batman escrita por Grant Morrison e no selo Vertigo?
Sonhar não custa nada…
Olha, essa abordagem labirintica para os desdobramentos desses últimos acontecimentos que você Camino imagina/sonha é muito pós-moderna para a atual indústria cultural estadunidense de quadrinhos… O mais viável de acontecer é que Bruce fique mesmo desaparecido, enquanto algum “qualquer” ocupa o traje e brinca um pouco com os brinquedinhos dele, e no final do bat-ano comemorativo a DC lance uma mega-minissérie mostrando como ele conseguirá encontrar o caminho de volta para sua vida normal, talvez até tendo como ápice ou ponto de partida a morte do zé ruela que o substituiu como homem-morcego!
Camino, vc pegou total o espírito da coisa.Parabéns pela análise! Adorei a idéia! Vamos torcer! Morrison RULEZ!
Segundo o próprio Darkseid, Sanção Ômega é ” The death that is life” (a morte que é vida)….
Que o careca seja enforcado pelas suas tripas…
infelismente não vai ser assim…ele vai acabar ficando desaparecido,enquanto outro heroi sai por ai defendendo gothan e brincando de batman,mas ai surge um grande vilão que mata o novo batman e q ameaça destruir gothan e bruce wayne volta salva a cidade e volta a ser o batman é sempre assim,mas seria muito bom que o que o camino falou se realizasse,como fã do batman e colecionador da revista dele eu adoraria que o que o camino falou acontesese!!!!mas os escritores estão cada vez mais sem criatividade…
Ótimo artigo. Não acho improvável que isso aconteça, so basta torcer um pouco 🙂
A análise é bem interessante, aliás comprova o que achei que Morrison estava fazendo com essa nova crise da DC, ou seja, voltou aos anos 70 e bebeu na idéia de Jack Kirby de adaptar a mitologia Anazasi para o universo DC, entretanto, quando a parte que fala sobre o que será feito do Batman, é puro delírio de fã.
A DC manterá o personagem afastado por um tempo e depois o trará de volta ou na próxima passagem de Morrison pelo título ou após essa nova passagem dele, sendo capaz que ele ganhe outra origem definitiva como Super Homem que vai para a sua terceira em menos de quinze anos.
Esqueci de comentar que pelo menos a abordagem de Morrison serviu para as duas mortes que o personagem teve, em sagas diferentes, num espaço curto de tempo não ficassem registradas como um erro de continuidade.
Ta aí, conforme profetizei: http://www.ambrosia.com.br/2009/12/09/adivinha-quem-esta-de-volta-na-dc-e-nao-e-zumbi/