Eis que, aproveitando o embalo de Homem de Ferro 2, chegou às “bancas” americanas no dia 14 de abril o primeiro volume da revista solo da Viúva Negra. Natasha Romanov – apesar de ter certa relevância para o Universo Marvel, tendo participado de uma das muitas configurações dos Vingadores e liderado a S.H.I.E.L.D por um tempo – não tem força suficiente para render em uma revista própria, isso é claro. No entanto, tendo em vista o destaque deste personagem em um dos filmes mais aguardados do ano, a editora decidiu apostar. Uma estratégia não tão nova assim.
O argumento é de Marjorie Liu com artes de Daniel Acuna. A HQ se revela como um trabalho que consegue conceber de forma competente um mundo próprio para a heroína em questão, adaptando conceitos para que um personagem aparentemente fraco ganhe importância para o curso da história e esteja sempre no centro dos acontecimentos. O enredo não requer nenhum conhecimento prévio do personagem por parte do leitor, um artifício para aumentar as vendas aproveitando-se do hype do filme nos cinemas. A história mostra as atitudes de Natasha para conciliar sua vida de anti-heroína e seu romance com o atual Capitão América, Bucky Barnes. Vemos a Viúva agindo como uma espécie de varoa de aluguel, fazendo serviços remunerados para terceiros. Ao fim de um destes, e o único mostrado neste primeiro volume, ela recebe uma misteriosa rosa negra. Tal acontecimento, entretanto, se revela apenas em um flashback após ela ter sido atacada cruelmente enquanto ia ao encontro que recebera em um convite junto à rosa. As rápidas aparições de Tony Stark e Wolverine são bem aplicadas, não influenciando de maneira significativa à trama e deixando com que o astro da revista seja a própria Viúva Negra. Tal ideia fica clara nas páginas finais, quando Wolverine se mostra respeitoso para com os “domínios”, por assim dizer, da Viúva.
Marjorie Liu concede extrema personalidade à Natasha, delineando atitudes firmes que mesclam rudeza e sensualidade. Liu cria uma mulher determinada, disposta a ir às últimas consequências para defender seus ideais. Há um toque feminino importante na obra que destoa das principais publicações em quadrinhos mainstream da atualidade. Tal característica é importante e cabível, já que a protagonista é justamente uma mulher. Ao longo da história a autora insere elementos textuais que fazem uma espécie de apresentação de Natasha ao público leigo, como o fato da heroína não possuir super-poderes. Ao mesmo tempo em que presenteia tal audiência, respeita o fã com elementos de espionagem típicos do universo do personagem.
A arte de Daniel Acuna ajuda muito nesta típica ambientação que envolve a trajetória do personagem. Seus desenhos de traços soltos retratam as formas em meio às sombras, mostrando-nos desde uma cidade suja desprovida de luzes e brilho, a uma sala de cirurgia colorida com uma variedade de verde e vermelho, formando cenas com uma atmosfera tipicamente noir. É talvez o melhor trabalho do artista até agora – superior à sua passagem por Novos Vingadores. Vale muito à pena conferir.
Apesar de ser uma publicação essencialmente oportunista, Black Widow #1 surpreende por ser uma edição que abriga elementos que a qualificam como algo alternativo e pop ao mesmo tempo, que agradam o fã e o leigo. É bem escrita e contém uma arte exuberantemente elegante, anuindo à chance de um personagem secundário e interessante ser explorado em histórias igualmente atraentes. Abaixo você confere a prévia desta primeira edição:
É sem dúvida uma série promissora, assim como seus autores. 😀
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