O cartunista Johandson Rezende apresenta seu work in progress de “Dharma – Introdução em Quadrinhos” através das redes sociais.
O artista, que já tem curtas de animações e videoclipes no currículo, revistas publicadas, além de ter feito participações em compilações de quadrinhos no Brasil e no exterior, resolveu dar ao público a experiência de acompanhar gratuitamente uma prévia de último trabalho pela internet.
De cunho filosófico, Dharma traduz arquétipos e mitos para explicar questionamentos inerentes à existência humana, fornecendo esclarecimentos, ou incitando o leitor a fazer mais questionamentos. E isso é feito com respaldo da cultura pop e forte influência das HQs de contracultura dos anos 60 e 70.
A religião, sobretudo o budismo e o hinduísmo, é o fio condutor da obra, mas não possui um caráter doutrinário, ou de propaganda. A religiosidade está ali como uma alegoria, uma vez que essa é a forma mais atávica de se tentar explicar as leis do universo. A abordagem espiritual aqui, até pelo caráter propedêutico adotado pelo autor não é impedimento para humor, sarcasmo e alfinetadas em dogmas e teses científicas mal entendidas. Servindo de argamassa também estão a psicologia e um pouquinho de filosofia de bar. Esse é o grande diferencial de Dharma em relação a outras obras que abordam o tema religioso-filosofico-existencial, que devido ao excesso de seriedade e clichês, acabam caindo na impiedosa armadilha da ‘autoajuda’. A obra até possui seu caráter de autoajuda, mas pelo conhecimento de mundo e entendimento da condição individual, e não por aquela conversa de pensar positivo e esperar que tudo fique cor de rosa ao redor.
Sobre a concepção de Dharma, o cartunista explica que não é devoto de nenhuma religião e se considera longe de ser um santo ou um iluminado. Porém, intrigado por questões metafísicas, não consegue ver coisas como a vida, a existência, o tempo, a morte, e todas essas questões que envolvem a psiqué humana como algo normal.
“Tenho uma sensação de indignação perceber um mundo onde existem zumbis do cotidiano”, diz o quadrinista que se vê atirado para fora de sua zona de conforto por essas questões que o atordoam. “Estou procurando respostas como todo mundo, resolvi procurar essas respostas em voz alta, como se eu tivesse raciocinando em público”, completa. “Assim, quem sabe, tentando me ajudar não ajudo a outros também?
Como o mito de Quíron, que buscava curar feridas alheias porque tinha uma ferida incurável, já que viver não é um mar de rosas. Nessa busca para aplacar a sede do medo e da insegurança, acabei me deparando com muitas coisas, e percebi que muitas ideias se assemelhavam, não só no campo da religião oriental, mas como no cristianismo, filosofia, cinema, gibis, literatura, ciência e conversas de bar. Como não dá pra encaixar todas as peças, escolhi algumas pra ver a figura que monta, e como minha principal forma de expressão é o desenho, acho que resolvi fazer um história em quadrinhos para organizar as coisas, e criar uma comunicação com a minha busca e a do outro.” conclui.
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