Copa do Mundo no Brasil, seleção brasileira ganhando nas penalidades do Chile e estrangeiros por todos os cantos do país. Como amante dos quadrinhos, encontrei un regalo, una historieta chilena dada por uma amiga recebida por sua vez de um chileno em visita a capital cearense. Grande oportunidade de conhecer uma HQ sul-americana, no caso El Siniestro Doctor Mortis, série publicada entre as décadas de 1960 e 70 por Juan Marino (primeiramente como radionovela e depois passando aos quadrinhos). O volume é uma antologia dessas histórias, da Arcano IV, uma editora que está recompilando as histórias deste personagem, mas que também publica atualmente as mais novas deste pulp chileno, um expoente clássico do quadrinho fantástico latino-americano.
Assim, a antologia é uma viagem pelas décadas já descritas, cada história utiliza as abordagens diferentes que o autor faz, numa imprevisibilidade que assusta, mas com algumas características que não se modificam, como o narrador omnisciente em terceira persona, cujas palavras se apoiam nas imagens e vice-versa, assim como os diálogos.
Ilustrado por Santiago Peñailillo, com um estilo realista, clássico e próprio da maioria das histórias da época, mas que usualmente encontraremos com a qualidade de muitos trabalhos de hoje em dia. A estrutura de página, com grade de seis quadros em quase todas as histórias, uma característica que também podemos encontrar histórias em quadrinhos atuais, mas não é o mais comum, nem a forma como eles fizeram na época.
No exemplar que tenho em mãos, duas narrativas são desenvolvidas: La hija del Doctor Mortis e Una agradable tertulia. Em ambas encontramos una narrativa de terror clássico, porém na segunda há elementos de policial, assim como um interessante de introduzir uma história na outra.
Ambientadas na Europa, nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial. O argumento de Marino pode até parecer óbvio, mas sua qualidade de fazer medo e suspense entretém, mas o que satisfaz é o personagem título, o Doctor Mortis, um personagem que lembra uma amalgama entre o Zé do Caixão (José Mojica Muniz), o ator Boris Karloff e o detetive de Agatha Christie, Hercule Poirot, com seus devaneios e extravagancias, segue a linha da Cripta e da Creepy, um médico que fazia experimentos humanos e que realmente era a encarnação do mal, com a missão de transformar a humanidade em mortos-vivos ao seu controle.
A título pessoal, como meu primeiro contato com os quadrinhos chilenos, o título do Doctor Mortis, carrega de humor negro e de exotismo, mas que apesar de ser uma HQ propriamente de terror, hoje em dia emociona mais que assusta. Ainda mais com o seu retorno em 2011, segundo o editorial da edição que tenho, mostrando a mitologia no Chile sobre o personagem, o quão é importante de Mortis no imaginário popular chileno do Século XXI.
Por último satisfaçam com a leitura e com o áudio das radionovelas deste sinistro personagem no link que posto para o conhecimento dos leitores de plantão: http://revistasdrmortis.blogspot.com.ar/
Bem legal!
Muito massa, como queria encontrar mais material assim!