Entrevistamos o ilustrador e quadrinista Thiago Krening

O ilustrador e quadrinista gaúcho Thiago Krening está preparando uma nova HQ, “Um Lugar do Caralho”, em financiamento pelo Catarse agora em novembro e aceitou nosso convite para tratar um pouco de seu trabalho.

1. Thiago, pode se apresentar para a Ambrosia?

Meu nome é Thiago Krening, sou ilustrador e quadrinista e moro no interior do Rio Grande do Sul.

2. Como surgiu seu interesse pela arte e pelos quadrinhos? Quem foram/são suas influências? Você fez algum curso?

Apaixonei-me por quadrinhos ainda muito novo. Aprendi a ler com quadrinhos da Turma da Mônica e depois nunca parei de ler. Também sempre gostei muito de desenha. Acho que essas paixões se complementam. Não tive muita influência direta pra entrar nesse meio. Ninguém na minha família consumia esse tipo de coisa, ninguém era artista. Com o tempo fui conhecendo amigos com interesses em comum.

Já sobre influências de artistas, foram vários ao longo do tempo. Um que sempre gosto de citar, que acho que foi uma das minhas maiores influências no desenho na adolescência, foi o desenhista Mike Wieringo. Ele ilustrou algumas séries do Quarteto Fantástico, do Robin e do Homem-Aranha entre o fim dos anos 90 e início dos anos 2000.

Sobre cursos… fiz um curso de desenho simples na minha cidade quando era adolescente. apesar de o curso em si ser bem simples, conheci muitos outros artistas por lá e isso ajudou muito no meu desenvolvimento.

3. Pode nos contar sobre seu processo de criação e como se sente hoje com seu trabalho? Cite alguns.

O processo de criação varia conforme a natureza do projeto. Em projetos encomendados por clientes, sempre gosto de ter um direcionamento bem definido. Elaboro um briefing (tomada de dados) com o cliente, faço esboços para aprovarmos as ideias iniciais e depois passamos pra etapas de finalização. Já em projetos pessoais, gosto de ter mais liberdade pra fazer o que estiver a fim. Para tirinhas, estou sempre atento a situações que podem inspirar a criação. Mantenho arquivos com anotações no celular, assim sempre que uma ideia surge, já guardo-a.

Quadrinho de 2019, financiado pelo Catarse

Em quadrinhos mais longos, permito-me passar um tempo maior na criação inicial – roteiro, desenvolvimento de personagens, etc. Acho que hoje, depois de quase 15 anos trabalhando profissionalmente com desenho, sinto que finalmente estou em um nível ok. Mas a síndrome do impostor bate com alguma frequência, o que é comum nessa profissão… hehe

Um de seus trabalhos, Liz e seus amigos.

4. Qual a sua visão para o atual cenário dos quadrinhos nacionais?

Acho que estamos vivendo um momento espetacular em termos de produção. Muita gente muito boa produzindo quadrinhos. O problema são os fatores externos. Temos um público consumidor muito pequeno (quadrinhos é um nicho muito específico de leitura) e a cadeia de produção é complicada. Os custos de impressão e distribuição são bastante altos, o que torna tudo mais difícil, especialmente para os quadrinistas independentes.

5. Fale quais são os seus próximos projetos?

Estou abrindo um projeto no Catarse pra financiar minha nova HQ intitulada “Um Lugar do Caralho”. Vai ser o primeiro quadrinho um pouco mais longo que escrevo e desenho, com um pouco mais de 100 páginas. A história se passa no início dos anos 2000, na cidade de Santa Maria, no RS. Ela mostra um pouco da vida de estudantes universitários naquela época, e acontece praticamente toda na boate do DCE da UFSM, um local que era organizado por estudantes e tinha entrada gratuita. Era conhecido por tocar muito Rock e ter cerveja barata.
Já para o ano que vem, tenho 2 roteiros encaminhados para HQs mais longas e estou trabalhando nos desenvolvimentos iniciais de uma série de tirinhas. Mas outros detalhes sobre esses projetos ficam pra logo mais!

6. Jogo Rápido

Um personagem nacional? Valente

Um personagem internacional? Morte, dos perpétuos

Uma HQ nacional? A última que li e curti muito: Arlindo

Uma HQ internacional? A odisseia de Hakim, de Fabien Toulmé

7. Grato, Thiago. Algumas dicas para quem está começando na arte?

Para quem quer trabalhar com desenho, minha principal dica é: estude muito e desenvolva o máximo possível as habilidades artísticas, mas coloque bastante energia também em aprender como ser um profissional no meio. Aprenda a fazer contratos, construir orçamentos, prospectar e tratar com clientes, etc. Uma parte muito grande das pessoas que querem trabalhar com arte focam só em melhorar a técnica e deixam isso tudo de lado, o que acaba se tornando um diferencial para de fato se viver disso.

Para conferir mais do trabalho de Thiago, visitem a página: https://thiagokrening.com.br/

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