Continuando apresentando mais dos quadrinhos nacionais de super-heróis, após o nordestino Cabra Dágua de Airton Marinho, vamos a São Paulo, mais precisamente a Judiaí para apresentar um outro super-herói. No caso, o Homem-Chiclete, seu criador, Ede Galileu, traz uma proposta solo de seu personagem em uma revista caprichada, com vários convidados.
O personagem foi criado em 2003, já publicado em algumas revistas e com participações especiais em várias outras. Com seu poder de espichar e comprimir o corpo, o Homem-Chiclete segue os célebres Homem-Borracha (1940) e Homem Elástico (1960) da Dc Comics e o Sr Fantástico (1961) da Marvel, com a diferença de possui o corpo com as propriedades de um chiclete de tutti-frutti. Apesar dessa característica de seus poderes, sua maior qualidade é o otimismo e bom humor com que o qual reage às adversidades.
Ede Galileu lançou uma campanha no Catarse para lançar esse primeiro trabalho solo, a revista tem sua origem e mais duas histórias, uma do Homem-Chiclete já adulto e a outra em que marca a estreia do “Chicletinho”, a versão infantil do nosso herói, que em sua primeira aventura precisa superar seu medo – para isto terá que enfrentar uma grande ameaça.
O Homem-Chiclete é um super-herói que faz de tudo para ter um dia tranquilo, onde tenta se firmar como o herói da cidade, coisa que não é tão fácil. Segundo o criador, a ideia de criar um super-herói que fizesse mais do que enfrentar vilões, que pudesse trabalhar mais o humor e lições de superação.
Análise
O Homem-Chiclete é um personagem bem interessante, surgido de uma ideia para uma Liga de Super-heróis, mas não em uma grande metrópole, e sim, no interior de São Paulo, mais precisamente em Jundiaí, um grande centro urbano do país. É justamente essa diferença dentro do arquétipo mainstream que o seu criador alude ao contexto popular do brincalhão, nesta edição que trata da origem do personagem e de suas aventuras.
Seguindo cânones paródicos, o personagem cômico é apresentado num prólogo vibrante sobre sua origem (a meio caminho entre o acidental e um problema ecológico). A história começa com o próprio Homem-Chiclete intimando seu criador a contar sua real origem, o que é apresentada com a arte de Eduardo Ferrara e cores de Wagner Costa.
Já a segunda história, “Trabalho de Herói”, com roteiro de Flávio Luiz e arte de Ede Galileu, começa com um típico dia-a-dia na vida do herói, complicada com todo tipo de acontecimento que poderia resolver, mas que acaba sendo feito por outro super-herói. Os revezes levam a um final com uma situação inusitada e travessa. A terceira história, marca a estreia de “Chicletinho”, sua versão infantil, apresentando uma história de superação para seus leitores.
Ede Galileu, artista plástico, educador, ilustrador, quadrinista e produtor cultural da cidade de Jundiaí, traz sua cidade como um cenário vivo, em ilustrações suas e de artistas convidados, bastante coloridas, como um passeio por pontos turísticos de Judiaí. O nonsense caminha lado a lado com suas peripécias, algo já comum no personagem, o que funciona em diversos momentos.
As mudanças de forma do personagem foram bem pensadas graficamente, cada desenhista desenvolveu a anatomia do personagem de acordo com suas mudanças rápidas e ficaram bem para o roteiro.
A edição tem 36 páginas, em formato americano (17×26 cm), coloridas e custa R$ 25,00. A publicação vem acompanhada de um marca páginas e quatro cards do personagem. A revista conta com participações especiais de George Wolf (capa), Will, Hugo Nanni e Rom Freire (ilustrações) e Rafael de Latorre, Walter Junior, Edde Wagner (cards).
Uma HQ divertida, sem aquele drama complexo, mas boa para passar o tempo, como muitas HQs dos anos 1980, com um diferencial, é totalmente nacional. Homem-Chiclete é um personagem que merece protagonizar mais aventuras e ficaremos aguardando o próximo volume.
Nota: Bom – 3 de 5 estrelas